quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Sentença
Já fomos felizes
Quando beijos
Rimavam com desejos.
Se anos de rotina
Fez do amor oficina
De atores e atrizes.
Os olhares ardidos
Agora são frios
O desnudar escondido
Agora sem brio.
Um exercício tardio
Sem sorrisos, sem energia
Diálogo e carinho vazio
Limitado e sem ousadia.
Se alguém sofre
Não se sabe
Toda rudeza encobre
E nada de belo cabe
No rol de gestos imitados
No prazer copiado
Ou procura de culpados
Para um fim acertado.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Monomania
palavras sucessivas oprime
sugestões estúpidas confusas
dominado pelo tenebroso crime
de quê me acusas?
me acusas sem precisão
da grandeza de meus planos
qual é a questão?
porque tão desumano?
danos me foram legados
inclusos em minha parte
não sei qual foi meu pecado?
deve ter sido. - amar-te
continuo com esta doença
de carne, alma e pensamento
ato de fé por uma crença
idéias em confinamento
furtaste os meus segredos
me arrebentara num precipício
não há castelos nem espelhos
só muros e edifícios
II
já não falamos a mesma língua
abriste todos os meus segredos
conheceste as minhas manias
hoje revelas os meus medos
medo das alturas
medo dos copos quebrados
medo das mãos puras
e dos meus olhos afogados
afogados no mar que criei
me cortei nos corais
são marcas que conquistei
para esquecer nunca mais.
Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas
domingo, 19 de dezembro de 2010
O Sobrevivente
o ar quente que sai do teu decote
a vida espontaneamente espera a morte
os lábios que falam como chicote
os corpos açucarados num fricote
na vida sobrevivem os fortes
não para essa de azar ou sorte
limpei as feridas, curei os cortes
todo time tem seu mascote
II
o cumprimento da tua minissaia
o infortúnio da vaia
a marcação da raia
a mordida da lacraia
a arte dos índios Maias
a febre da malária
nem todos são da mesma laia
nem todos vestem uma mesma malha
III
veja essa onda de livre umbigo
produto de desejo antigo
para palavras não ligo
não resolvem... não são meu abrigo
quantas dores sem amigos
quanta fome sem trigo
esta saudade que levo comigo
de tudo que deixei contigo
IV
a impotência é o maior aleijo
qual o valor de um beijo?
qual o sabor de um queijo?
o que sonho? o que almejo?
tudo é quanto tão vejo?
são quentes os desejos
desordens que antevejo
nascem de um simples gracejo
V
procuro de tudo um sinal
tão simples e irracional
tão chulo e tão banal
para sintonia ou canal
me ensine o bem e o mal
me ensine o sensacional
traduza para meus olhos o fatal
antes que me cale com o final
Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Alma Corsária
fotografias antigas não tenho
lúcida treva na memória
subterrâneo sem estória
o passado queimou como lenho
amores foram sem escolhas
gavetas... maçanetas rachadas
dor triste desafinada
árvore, só de galhos e sem folhas
não consigo olhar as luzes amargas
no meu ouvido canções terríveis e mortas
no mar longe das dorcas
edifícios, ilhas e cruzes
o eterno esconde a verdade
as suas pernas escondem o mito
as estrelas o infinito
de quem procura a realidade
meus versos sem nexo
são rascunhos de um dia
notas de uma melodia
perdida sem sucesso
II
amo tua tristeza e tuas estrias
não sou bom falando palavras
mas as escrevos com simpatia
neste mundo que raro é a esperança
nos olhos dos vivos
tão duvidosos e tão decididos
são caro também os dias e os dedos
vende-se corpos, almas e crianças
tudo é tão claro, quando não um segredo
o amor é sempre repetitivo
muda-se apenas os nomes
os mesmos beijos... a mesma fome
eterna mutação dos princípios e dos fins
leitura do não e do sim
pelo rio da dúvida infinita
tão revolta e desdita
navegas a vida sem consolação.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 12 de dezembro de 2010
O Encontro
Naquela noite serena em que te encontrei
Brotara no teu rosto sorriso sem igual
que como uma áurea angelical
me conquistara. Então te amei
como se ama sem prudência
Num desejo de querer
Num desejo de ter
sem vícios ou dolências
Como um corcel atropelei o vento
numa corrida louca
Meu coração disparou à solta
a procura do seu sustento
Um selvagem sem espírito
cavalgava pela natureza
sem títulos de nobreza
tendo pela frente apenas o infinito
A violentos galopes fui a tua procura
Quando te encontrei. Cansado
esperei por teu olhar iluminado
Um olhar profundo de ternura.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Ritmo das Coisas
me experimentas com sal ou doce
me cumprimentas com mãos ou olhos
me facilitas com sorrisos
me acostumas com as horas
me costuras com os amores
me fascina com as cores
me engana com as flores
me escraviza com os sabores
mas, não me farto
mas, não me encontro...
os edifícios me sufocam
este barulho todo me ensurdece
estes andares femininos me provocam
a miséria me emudece
os grandes anúncios te convocam
para liquidação ou para prece
os carros se atropelam numa quermesse
os pedestres fazem sexo quando se tocam
mas, não me farto
mas, não me encontro...
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 5 de dezembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
Problemas do Amor
O amor é feito de retalhos
cheio de manhas, manhãs e atalhos
as cabeças pendem como holofotes
Olhos vêem os escondidos dotes
que ao efeito do vinho
rebelam em suaves carinhos
A lua acende e ilumina
paixões que correm pelo corpo
A lua enlouquece a solidão
fria que se derrama em copos
A noite é pequena para quem ama
Se quer sol na noite e cama,
de dia e chama
sangue tinto de qualidade
II
As minhas mãos te atravessam
Meus olhos conversam com os teus
Hora fria é a hora do adeus
Bocas degustam o doce do outro
E os calores dos corpos produzem luz
Luz para estas escuras vidas
Mas um dia, e todos os outros são cinzas
uma palavra, um gesto, uma dor, um medo
no corpo e nos olhos
tudo que era limpo e belo, agora é sujo e falso
III
Palavras não levam a lugar nenhum
contas que são faz-de-contas mal contados
tantas portas e tão poucos caminhos
tanto sexo sem nexo e carinho
Sentimentos flácidos e gordurosos
cozinham sem tempero
esperando o mau gosto de alguém para comê-los
IV
Procuras o quê?
-Não sei!
Há tantos procurando tantos
Há pranto em vários cantos
que meu canto diante de tanto pranto se calou
Risos cospem na face
o frio do desgosto corre nas veias
Preciso de teu corpo nem que seja como árvore
Mentiras e enganos...
Somos tão humanos
que nos parece honesto
ser assim.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Canto de Solidão
solitário, e sem ouvintes
caminho falando mentiras
uma voz tonitruante
flui na intensa luta
meus planos inconstantes
meus passos flutuantes
são manual de verdade
nos ocasos os acasos
verdadeiros casos de dor
febres tomam nossos corpos
e vemos tudo como uma única chance
hoje, está tão frio
esta chuva fina
despertando o cio
de quem não tem amor
quantas vezes teu sexo
é maior que o mundo
quantas vezes teus olhos
desejam profundo
um pouco de silêncio
um pouco do imenso
um pouco de morte
quantas vezes tua cama
tua fama, tua lama
dispensas vazias e muitos ratos
a saudade chama...
clama... inflama
por todos os dias
corrói os fatos
são tantos dramas
tão pouca comédia
é calor de epiderme
lágrimas de verme
não me iludo com mimos
no amor sempre se perde
cada rio tem seu morredouro
mas é preciso...
Henrique Rodrigues Soares
terça-feira, 2 de novembro de 2010
A Inconsciência do Saber
Levemente, as suscetibilidades te atrasam
Teu corpo sem fôlego
Como um rio sobre um córrego
É tanto alimento que vazam
A tristeza engordura tua face
Com seu sombrio olhar
E num vento você ver rasgar
A ingratidão de teu disfarce
O medo de perder te contém
Na briga pelo território
O teu coração bode expiatório
Das dores que te controlam
O possuir é tão fraco
Como deixar-se escapar
Os opostos formam par
"O ser ou não ser" não deixa rastro
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 31 de outubro de 2010
Prisioneiro da Solidão
Sem chances sem palavras
Uma solidão branca devassa domina meu coração
Tudo anda em círculos
da obra prima a matéria bruta
tudo se compõe e decompõe em grãos
Os ditadores esquizofrênicos
os D. Juans amargos
os baús trancados
pelo passado sem chaves
nunca mais usados por ninguém
Os sonhos são ousados
mas a perdição é inconsciente
A vida um recipiente
onde alegria e tristeza disputam lugar
Amar é entregar
ao convívio das ilusões
Desejar é querer
domar o touro pelos chifres
O egoísmo transforma o coração
num oceano de solidão
Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas
sábado, 30 de outubro de 2010
El Pibe de Oro
Como verei futebol sem ver Maradona.
Cadê o craque argentino?
Futebol de gigante... tamanho de menino!
O que será de nós? Pobres mortais!
Sem vê-lo com a camisa azul e branca de seu país
O gramado que fora pisado por seus mágicos pés
A bola que acariciada foi por seus toques sensuais...
hoje choram de saudade por aquele craque do Boca
que calou tantas bocas...
e acendeu outras de alegria
Ah, Napolitanos!
Quanta tristeza vela em seus corações
Ah, Castelhanos!
Guardem em teus olhos as visões
do menino demônio
que conquistou o mundo com o dom do futebol.
Tão feroz como um furacão passou
Com o talento magnífico nos encantou
Maldito foi, os caminhos de seu coração
De deus, agora vida de mortal
num tango sem carnaval
passos de tristeza e dor.
A Argentina, o Mundo,
viu o martírio num lento suicídio
do herdeiro castelhano
de Pelé e Garrincha.
Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas
domingo, 24 de outubro de 2010
Meditações sobre Vida e Morte
os distúrbios mentais
os licores carnais
o descanso da tarde
o nascer da madre
respirando o ar matinal
o receber noturno
com o desespero do infortúnio
o veneno guardado no bolso
o egoísmo que não ouço, que não ouso falar
os temores, os dissabores, os rancores
colhidos no coração
são de uma safra sem perdão
são uma sombra sem salvação
mas todos querem viver
nem que sejam com as bocas caladas
com o riso das ciladas
em suas faces
as células aventureiras gritam pela ação
enquanto a morte quer nos aleijar na solidão
o vento envelhece seus sonhos diuréticos
quase caquéticos
seus desejos dietéticos
seus ideais comprados em liquidação
o vento liberta
seu ódio encarcerado
seu medo doutrinado
cheio de observação
Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas
Pelé
Mil novecentos e quarenta foi o ano
Vinte três de outubro foi o dia
Em que o futebol da magia
Concebeu seu soberano.
Nas Minas um negro diamante
No berço das Três Corações
Seu brilho de chuteiras e calções
De Bauru ainda infante
Partiu para o mundo com uma camisa
Branca que dominava adversários
Podia ser como tufão ou como brisa
A Vila Formosa foi o maior cenário
De uma poesia estonteante
Dribles magníficos e desconcertantes
Pobres dos goleiros já previam
O que seus torcedores já sabiam.
Maestro da bola, tenor do pé,
Embaixador do encanto, isto é Pelé.
Gols, mil duzentos e setenta nove
De uma objetividade nobre.
As imagens da nossa seleção
Camisa dez sem comparação
De uma nação de brasileiros
Orgulhosos, e sem nação.
Com a camisa canarinho
Até em campos sem lei
O futebol sozinho
Escolheu seu Rei.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Falta de fé
Não quero um brilho triste e fosco
Quero lágrimas brotando no rosto
como quem espera um novo alvorecer
um calor no corpo para se aquecer
Áspera e quente é a paixão
que queima e machuca
a noite chega como uma bruxa
linda, bela, cheia de encantação
E quando vai embora, maluca!
deixa-nos em devastação
Amor, cinzas de um caixão
é o vento! é o sol! é a chuva!
Resíduos de conversa criam uma guerra
soldados andam patrocinados pelo sangue
carregando pólvora em seus tanques
a busca de estrelas em outras terras
Teus crimes são infantis
diante do mau que ronda o mundo
são um câncer denso e profundo
procurando um mártir.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 17 de outubro de 2010
Corredor da Vida
Gritos de dor me sufocam
Uma dor que arde no peito
Destas sem descanso sem leito para dormir
O curto silêncio vive dúvidas... ansiedades
que podem durar instantes
que podem está ainda distantes
O aroma do tempo santo
voa sobre nossas narinas
Não há nenhuma aspirina
que vá controlar minha dor
Desta prisão buscou liberdade
mas apenas de cela mudaste
Pois nunca haverá sol nem lua
sem que você abra seus olhos.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Cidades Esgot(os), (adas)
Almas andam em rotas
de colisão com a morte
buscas remotas
de dentes de rotes
a precisão da bala, a precisão de teus olhos
sinais vermelhos fechando a via-crúcis
pequenos apartamentos cheio de flores
que nascem do medo de sua solidão
flores solitárias e sombrias
resta uma trilha para sua salvação
os corpos precisam de marketing
os corpos precisam ficar cheios
roupas caras... objetos de arte
para esconder teus anseios
cidade que fede...
os esgotos são ruas, ou as ruas são esgotos?
nenhum crime se comete sem tua observação
esgotada está sua alma
esgotado está seu perdão
são como flores de inverno
plantadas no inferno
nascendo no verão.
Henrique Rodrigues Soares
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
A Cortesã da Juventude
Não suportas a velhice
A tua beleza murchar
Queres sempre viver ontem
Para o amanhã não chegar
Tiraste um trago
da fumaça de vida que trago
na sombra cheia de estragos
feito pelas traças
E engasgou-se
de ilusões e loucuras
Ternuras e frescuras
que teu corpo absorveu
Ah! Como teu corpo é fúnebre
estéril e viril
Este teu sorriso infantil
que faz dos dentes diamantes
dos olhos amantes
de um mundo mercado
Ah! Como tua alma é frívola e feérica
Teus lábios sutis
criaram uma nova fonética
Não compreendes a maturidade de uma folha
Considera a velhice uma falta de escolha
Teu rosto enruga o espelho
Teus ouvidos não aceitam um conselho
Queres sempre está nova!
Henrique Rodrigues Soares
Tempos Remotos
Quanta saudade tenho
da vida que não vivi
do amor que não amei
Quanta saudade tenho
do que não conheci e do que nunca terei
Do rosto de meu avô
restou à saudade das rugas que não apalpei
dos conselhos sábios, folclóricos
que nunca ouvi
da amizade que nunca tivemos
Oh! meus avós
que nem seus sorrisos conheci
Luiz Henrique, Juvenal
os cabelos grisalhos, o ar colossal
que imaginei...
não ficou nada...
apenas a sombra de suas existências
De minha avó
Avó na infância
na adolescência
nas ânsias e nas delinquências
Ainda sobrou aquela foto sem sorriso
séria, indiferente
aos meus erros.
Henrique Rodrigues Soares
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Confissão
Entre as folhas e as ramagens frias
Pude ver teu corpo e tua alma vazia
Despir do nu na melancolia
No despertar da noite e no dormir do dia
Entre os teus olhos e os meus
Havia uma cinza nuvem de mágoas
Entre a terra e os céus ( seus )
Deus pariu as águas
Não esqueço da primeira vez que te vi
Teu rosto alegre e nativo
Procurando sempre um motivo
Pra sorrir e ser feliz
Também, não esqueço da última vez que te vi
Teu rosto "pueril" e cansado
O corpo servil e amarrotado
Pelos caminhos sem fim.
Henrique Rodrigues Soares
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Pilares de sustentação
Emoções não resistem aos atos.
Visões se diluem diante dos fatos.
Nada posso sentir
neste instante de gelo quebrado.
Minha mente ouve a ética
em que a alma sustenta suas estruturas.
Uma nova fonética
ganha voz na minha loucura.
Os sons, os tons
que testificam brandura.
As dádivas, os dons
brotam na ternura.
Senti me sufocado
por fantasmas que quebram pilares
de um tempo trancado
em segundos seculares.
Henrique Rodrigues Soares - O que é a Verdade?
Cavaleiro da Esperança
Sonhador que labuta na esperança
Nesta fé antiga por velhos horizontes
Caminhas sem provisão e sem descanso
Por ávidos desertos e longinquas estâncias
Procuras a pura e simples felicidade
Que está tanto tempo por vir
E sua mania resoluta de insistir
Faz parte de sua clara identidade
Receba um vivo e régio conselho
E acharás para vida todas respostas
Olhe para ti no espelho
E veja como tu brilha nos meus olhos.
Henrique Rodrigues Soares - O que é a Verdade?
Ao meu Irmão Branco - Adriano Rodrigues Soares
domingo, 12 de setembro de 2010
Sêlo de Aniversário 1° Ano
No dia 12 de setembro de 2009, foi criado este blog com intuito de apresentar a aqueles que por acaso tenham interesses em novos escritores, o meu trabalho em especial. Apesar de ter poesias, este espaço é de contos, crônicas, resenhas também.
Através de alguns amigos a meta foi alcançada, foram postados em alguns blogs minhas poesias: “Verso & Prosa”, “Versi D’Amore” e “Pecado Poético” da querida Amiga Reggina Moon (uma entusiasta fantástica de poetas novos, sou exemplo disto), “Amantes da Poesia” de Maria Madalena Schuck e “Uma Página para Dois” de Eduardo Poisl e recebi o comentários de outros bloguistas. Só tenho a agradecer por terem enriquecido este espaço.
Agradeço a todos visitantes e seguidores. Agradeço ao Amigo Antônio Carlos Januário pelas poesias de imagem que fazem parte deste blog, e as outras imagens são da web, por isso agradeço aos seus donos.
Hoje fazemos 1 ano de aniversário, com 2046 visitas, 23 seguidores, 184 postagens e 49 comentários para os que gostam de números.
Que todos possam receber este selo, seguidores e visitantes como um abraço fraterno.
Obrigados a Todos!
Henrique Rodrigues Soares
sábado, 11 de setembro de 2010
Tudo como sempre era
Negros
dias negros
destino sorrateiro
trens negreiros
guerrilheiros sem esperança de vitória
Assim se escreve a história
da África até a América ( América do Sul )
Nu
despido pela fome
a viagem consome
o sonho de um país
o sorriso de ser feliz
Da Baixada a Central
pobre, sem domingo, marginal,
negros, brancos e mestiços
foragidos dos muquiços
enfrentando o sol
As favelas
de bocas banguelas
não escondem sequelas
da chibata feudal
Os meninos vadios
batendo bola
fugiram da escola
para esperar o carnaval.
Henrique Rodrigues Soares
Imagem de Zumbi dos Palmares.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Mudanças
Tão triste que parece que nunca sorriu
Tão puro que parece que nunca mentiu
Tão seco que parece que nunca floriu
Com rosto impávido e resoluto
Com silêncio natural de um luto
Com o nascer de nada sem fruto
Sem sonhos, de uma certeza vacilante
Sem desejos, de uma imobilidade cativante
Sem ânimo,de olhar cansado e distante
II
Sorriu, e pra sempre esqueceu a tristeza
Mentiu pra verdade como pureza
Floriu com indúbita beleza
Absoluto e brilhante ficou seu rosto
Alegria irradiou matando o desgosto
Tão vivo de frutos e brotos
Sonhou, com olhos constantes
Desejou como encontrar diamantes
Animou-se, ao marcar um horizonte.
Henrique Rodrigues Soares
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Vidas sem rumo
O finito na eternidade dos amantes
O amargo no mel das abelhas
O fluxo de ar que escapa entre as telhas
e passa pelo teu corpo estuante...
de sexo que molha nossas bocas
acalentando o medo da morte e o medo da dor
Desta dor desprezada, pobre e sem cor
anêmica, mórbida, bruta e louca
Os teus sonhos calam tua incerteza
O teu sentimentalismo esconde tua covardia
Como um atalho... uma magia
Na escuridão uma vela acesa.
Henrique Rodrigues Soares
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Breve...
Tenho a brevidade nos meus dias
o instante nunca se repete
nossos atos nos enganam
na vaidade do livre arbítrio
os fatos cospem em nossa face
a força e o poder diminuídos.
De que nossos muros foram construídos?
De que vale tantos símbolos de juventude!
De que nossos ossos foram revestidos?
Para suportar o orgulho vencido.
Vamos correr por nossas pernas.
Vamos sorrir com improviso.
Deus alimenta minhas veias
com as palavras que preciso.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 5 de setembro de 2010
Verdade Cristã
Quando em mim me procuro
Eu não me acho
Me perco no escuro
não encontro meus passos.
Me digo seguro
mas não controlo que faço
num pecador mais maduro
quase sempre me disfarço.
Sem o sangue de Cristo. Sou impuro
e retorno aos meus pecados.
Mas quando me deixo crucificado,
nele que é puro...
então estou libertado.
Henrique Rodrigues Soares
O segredo do abismo
o egoísmo bate na tua porta
como um sentimento sufocado
um amor que deixou de ser amado
uma avião fora de rota
tudo que nasce... sempre brota
como uma lágrima num olho cansado
como a morte num amor assassinado
sempre o mesmo valor, a mesma nota
o teu ódio verde na horta
já cresce conformado
de seu espaço limitado
como um navio em uma frota
somos um... temos um fado
uma morte e uma corda.
Henrique Rodrigues Soares
sábado, 4 de setembro de 2010
O Fariseu
Para quem velas esta santidade?
Fraudulenta e covarde
De quem vive a vida pela metade
pelo medo de pecar.
Não vês o próprio inferno que criaste?
Quem te condena, não sabes?
Se o verdadeiro Deus ou o deus
que reina no seu calabouço.
Libertas o teu riso.
Libertas o teu gozo
do medo do santo disfarce
para que depois de tão louco
não venha julgar até Deus.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
A Noite
De noite todo sexo é livre
Sexo sem gênero... sem nível
Sexo auditivo... sexo audível
embrulhado, comprado, doado,
roubado e doente.
Sexo sem corpo... sexo sem alma
Corpos procuram sexo
nos quartos, nas ruas...
Amantes vendem seu sexo
por míseros caprichos
Mulheres num suplício
dormem com seus bichos amestrados
Nas ruas açougue de vivos e congelados
Meninas exibem seu sexo
flores de um jardim em pedaços
Homens querem meninos
pintos em novos ninhos
para todos gostos há espaço
Na noite... alucinação,
luzes... solidão
tudo nas escuras
cocaína derruba limites
de imaginação
Na noite toda policia é dura
tem tantas duras
em tantos lugares
Levam teu orgulho
antes dos assaltos
De proteger, eles te assustam
com o agir incauto
Caminhos impuros
olhos sujam observam tudo
braços ardentes, pernas nuas,
bocas vermelhas de desejos
desembocam sexo entre seus dentes
Entre a loucura e a razão
há muitas esquinas e horas
os fantasmas se escondem
e os sobreviventes comem seu pão
com o peso da madrugada
para no amanhecer
retornarem a rotina cansada.
Henrique Rodrigues Soares
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Cem Anos de Corinthians
Estou vendo de longe
a arquibancada balançar
são loucos que não param de gritar.
No calor ou no frio,
em Sampa ou no Rio,
corações corinthianos
como espartanos
mais do que a vitória
amam o embate de suas bandeiras.
Pode ser José ou Manuel
Um mundo de nomes na Fiel.
Não importa quem são!
Só cantam Timão!!Ô ô ô! Timão!
Maloqueiro sofredor...
Apaixonado e vencedor...
São estórias que viraram História
de uma paixão fiel por toda uma nação.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 29 de agosto de 2010
Frações
nuvem de tristezas e mágoas
rasteiras que as palavras concluem
incertezas que nos separam
tantas armadilhas nos lábios
tantos disfarces nos armários
a felicidade é uma fotografia
é um instante congelado
há frases para quebrar o gelo
há frases que esfriam-te por inteiro
deixe-me recolher os cacos
agora, posso nunca mais remontá-los.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Falência
o que falta pagar?
água, gás, eletricidade...
o que falta comprar?
roupas, comidas... ansiedade
você pode escolher
boleto bancário ou cartão de crédito
você pode até de vista perder
o valor, o tempo de débito
todo dia jogo tanta coisa fora
mas sempre me falta algo agora
qual o limite que preciso?
nunca dá! fico indeciso
qual a minha necessidade?
o fruto da vaidade
a busca da satisfação
da ribanceira sem direção.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 29 de julho de 2010
A Seiva do Direito
Travou-se mais uma luta
Não deixe o que não se deixa
Se derrame, com choro e com queixa
Pelo diamante da disputa
O teu direito é muda
que cresce, floresce até ser o Direito
Árvore grande de árduos preceitos
que não se cala, nem é surda
perante o grito estampido
da boca que se levanta
pela floresta que acampa
o direito adquirido
Só ficarei completamente satisfeito
quando o silêncio não se ouvir
diante da injustiça que vem consumir
todo ordenamento do Direito.
Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas
Ao Rudolf von Ihering o Idealista do Direito
sexta-feira, 23 de julho de 2010
História do Brasil - parte 1
I
os filhos de Tupã e de Jaci
puro como as florestas. O guarani
colorido como as plumas de um colibri
despido da ambição dos inimigos
assustou-se com tanta ostentação e luxo
do forte, conquistador luso
que nas terras tupis avistou o uso
para enriquecer seus umbigos
destruiu a inocência e a religião
catequisando suas matas e seus corações
com seu deus que escraviza irmãos
mas o nativo com seu orgulho viril
não entregou-se ao domínio servil
do falso irmão branco hostil
II
lá vem às caravelas lusitanas
com toda cultura humana
que o mundo pode revelar
lá vem às cruzes católicas
com as correntes apócrifas
para salvar e conquistar
Trouxe sua língua, suas vestes,
suas armas e suas pestes
se autodeterminou o descobridor
se embrenharam pelo nordeste,
norte, sul e sudeste
o que pode usurpou...
Henrique Rodrigues Soares - O que é a Verdade?
terça-feira, 13 de julho de 2010
Mãe
Como falar do que é humanamente divino?
Como falar do que nos é tão substancial?
De ovozigoto a menino
este cordão umbilical.
Como falar do meu destino?
Fitalos num olhar maternal
Uma voz suave de ensino
que fala em mim tão natural
Ainda te amo como menino
num amor febril, sobrenatural
No teu colo meu ninho
para ver teu sorriso angelical
Como começo ou como termino
Neste teu calor sem igual
Serei sempre um pequenino
E tu um ser celestial.
Henrique Rodrigues Soares
A minha querida Mãe Geusa Rodrigues Soares.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
O sentimento não pode parar...
Navegar foi preciso...
por mares estranhos e desconhecidos
Ser mais humilde do que o permitido
Dias e dias de agonia
até ver a alegria
de quem retorna a supremacia
Retornou ao teu lugar
O Gigante da Colina
Teu povo chora a festejar
beijando a camisa cruzmaltina
A tragédia de um ano
A glória de cem anos
Fazem parte da tua Memória
Milhões e milhões te alimentando
Com bandeiras e cantos
Estes sim! Tua História.
Henrique Rodrigues Soares
Aos milhões de vascaínos de todo Brasil.
História
Discussões e entendimentos
Dinastias e invasões
Conquistas e falecimentos
Heróis e convicções
Eras e cronologias
Quimeras e luta por poder
Traições e picardias
Honrarias ao que morrer
As datas, os marcos
O que me diz a memória
Sobre os fortes e os fracos
A leitura da História.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Repente Sudestino
o que meu cérebro guarda
no seu obscuro mar
nem tudo me agrada
mas tudo vem me abraçar
o meu ímpeto como farda
me obriga a usar
a dor em cada
momento de amar
falo com a espada
entre meus dentes mordazes
não acredito em fadas
pastores ou padres
sou tudo que enfarta
pois guardo como ases
este mal que como facadas
no jogo são eficazes
sinto o mundo como nada
passar pelos meus olhos
nada neles ficam, nada
nada como espólio
II
meus versos são usuários
são flores num campanário
são amor de solitário
são do tempo um escapulário
tanta gente nesse mundão
cada um como ermitão
aprendendo solidão
no convívio da multidão
se nasce pra morrer
se vive pra nascer
nada tão puro pode acontecer
não há verdades para conhecer
tantos procuram amor e paixão
se queimam com poder do vulcão
que as larvas consomem ilusão
como a terra engole seu caixão
alguns vivem para o riso
se dizem libertos de compromissos
na realidade são apenas submissos
ao pecado da omissão.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 4 de julho de 2010
Casamento
Posso contemplar teus olhos
Posso descansar no teu colo
e sentir o vento... levar meus pensamentos
pelos os caminhos afora
Acredito na minha razão
teus lábios me fazem prisão
de mim mesmo
As horas para o coração
são um rio que jorra... água que foi...
que não volta... por isso não se deve perdê-las
Todo daqui a pouco parece um adeus
Todo beijo parece ser último
de um desejo contido
E este tempo encardido parece perdido de Deus
Mas te amo!!!
porque te amar não se explica... não se aplica...
Está no meu sangue
me doando vida
e um mar de sonhos e confiança.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Leve Desespero
com toda sua leveza
as horas passam
levam de mim o que não posso perder...
meu titulo de nobreza
são minhas mãos vazias
e meus sonhos
livros de prateleiras
nunca serão lidos.
meu sangue vermelho
minha tristeza oculta
nisto me assemelho
a um ser humano
nada posso te dar
pois nada tenho
do que esses versos sem recheio
do que meu corpo gordo e feio
as incertezas para muitos
são um caminho de aventura
as recebo com ternura
na minha sacola de viagem
das desculpas nos enchemos
degustando meus conflitos
cheio de detritos
pessoais
me perco com óbvio
me canso no ócio
das perguntas sem respostas
nisto que me oponho
consumindo meus neurônios
... faço um rascunho
que são apenas rabiscos
que não dizem nada.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 20 de junho de 2010
Livre Arbítrio
Os meus erros e acertos
As razões e as probabilidades
As emoções e as familiaridades
Os enganos e os concertos
As falhas e os defeitos
As mentiras e os abrigos
Os caminhos e os amigos
Em nada sou perfeito
As escolhas e os endereços
Atitudes e verdades
Os inimigos e as adversidades
Na nossa apoteose são adereços
As desconfianças e as culpas
'O ser ou não ser', as temeridades
Se aventurar ou a ociosidades
As confianças e as desculpas
Como humano a ingratidão
É qualidade maior que nos veste
O nosso Senhor nos concede
Depois da liberdade! A Salvação!
Henrique Rodrigues Soares
sábado, 19 de junho de 2010
Ozineida
Necessário para mim é te amar
Necessário é ter você nos meus braços
Necessário... Necessário...
Deitar no teu colo
e esquecer do mundo mau
Necessário... Necessário...
São palavras que fazem revoluções
são carinhos que fazem emoções
os medos nos escravizam
as mágoas nos atemorizam
Se soubesses quanto te amo !
me compreenderia muito mais...
É amor de mar para oceano
É barco à vela pelo vento
tiro minha força do que te amo
e de te possuir meus pensamentos.
Te amo!
Um dia você me entenderá...
É sentirá falta do tempo perdido
Que não volta mais!
Henrique Rodrigues Soares
sexta-feira, 18 de junho de 2010
José Saramago
Nascido em 16 de novembro de 1922 em Azinhaga - Portugal,filho de camponeses deixou o meio rural para viver em Lisboa.
Dono de uma imaginação pessimista, alegórica e fantástica, deixou uma herança inestimável em textos, em poesias e romances como:
Memorial do convento.
A jangada de pedra.
História do cerco de Lisboa.
O evangelho segundo Jesus Cristo.
Ensaio sobre a cegueira e outros.
Prêmio Nobel de Literatura em 1988.
Faleceu neste dia deixando sua literatura para o nosso mundo, para sempre...
"Deixa-te levar pelo menino que foste" José Saramago.
sábado, 5 de junho de 2010
Um tango para um solitário
uma noite dispersa
um tango tocado
um corpo ocupado
por um corpo de alguém
não há festa
só um sorriso trocado
um beijo julgado
do mundo um refém
me dá o que resta
deste rosto humilhado
deste momento comprado
numa estação de trem
não me venda, me empreste
este teu corpo assustado
este teus olhos cansados
da noite e seu harém
Henrique Rodrigues Soares
Uma carta para meu filho
Pude te ver com meus olhos
um milagre ao amanhecer
de tudo que na vida participei
em ti me realizei
Te vi nos braços maternos
dádiva de um Deus superno e abençoador
Tão ternos e lacrimejantes
estavam meus sentidos
Molhou-se meus olhos
Estremeceu de alegria meu coração.
Em cada parte sua me vi um pouco
misturado a sua mãe no sabor do encontro
No teu rosto a vontade de viver
na mesma intensidade que esperei para te conhecer
Meu filho... tão lindo...
Meu pequenino... tão forte...
Teus primeiros sorrisos...
Teus primeiros momentos...
Teus primeiros passos...
Tuas primeiras palavras...
Na memória paterna carregarei comigo.
Depois deste dia
nunca mais fui o mesmo
Te amei com todos mimos
Dei de mim o melhor
para ver o teu riso
Descobri, que ser pai
é não esperar nada
é se satisfazer da alegria do próximo.
É viver através da sua semente.
Mas, assim mesmo!
Obrigado! Por ser teu Pai!
Henrique Rodrigues Soares
sábado, 29 de maio de 2010
Nocturnos de Chopin
Ouça bem os teus ouvidos
Radiante o som dos nocturnos
Chopin, iluminando o escuro
Das almas dos vivos
Teologicamente surpreendido
Pelas pegadas do fortúnio
Um verso claro e puro
É disto que preciso
Os desejos são encardidos
Empoeirados pelo infortúnio
Cheios de concertinas e muros
Com placas de avisos
Que tudo é proibido
E sonhar é confuso
E viver inseguro
E amar é perdido.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 23 de maio de 2010
Um sorriso na escuridão
Acenda teu cigarro de palha
O fumo na navalha
se corta e espalha
Por dentro, o barro
Por dentro, o bravo
nos comove
nos locomove
sem direção
sem salvação
A solidão de teu corpo
me ama, me beija, me deseja
como uma necessidade vulgar
Como pode se amar?!
Sem se enganar?!
Como pode se enterrar?!
Vivo, simplesmente vivo?!
Um sorriso na escuridão
convertido pelo vinho
Uma lágrima no copo
procurando um caminho
Uma tempestade despertada
pelo nascer de um espinho
Jogue teu cigarro fora
O amor foi embora
O cheiro da chuva
exala pelos corpos
A realidade te assusta
como um véu branco
Jogue teu cigarro fora
pois tua boca está queimada
esta fumaça tem morte... tem fuga...
Dê adeus pela vidraça.
Henrique Rodrigues Soares
Canção do Sexo
O coração, uma bomba pulsante
diante do hálito da carne
Radiante, se esconde
no crepúsculo da tarde
Os olhares insinuantes
a boca que arde
o sexo clamante
disfarçado de charme
A existência distante
da existência de Sartre
O fluir de instantes
do verso Verlaine
Como a música errante
caminhas para Marte
Corpos exultantes
objetos de arte.
Henrique Rodrigues Soares
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