quinta-feira, 8 de julho de 2010
Repente Sudestino
o que meu cérebro guarda
no seu obscuro mar
nem tudo me agrada
mas tudo vem me abraçar
o meu ímpeto como farda
me obriga a usar
a dor em cada
momento de amar
falo com a espada
entre meus dentes mordazes
não acredito em fadas
pastores ou padres
sou tudo que enfarta
pois guardo como ases
este mal que como facadas
no jogo são eficazes
sinto o mundo como nada
passar pelos meus olhos
nada neles ficam, nada
nada como espólio
II
meus versos são usuários
são flores num campanário
são amor de solitário
são do tempo um escapulário
tanta gente nesse mundão
cada um como ermitão
aprendendo solidão
no convívio da multidão
se nasce pra morrer
se vive pra nascer
nada tão puro pode acontecer
não há verdades para conhecer
tantos procuram amor e paixão
se queimam com poder do vulcão
que as larvas consomem ilusão
como a terra engole seu caixão
alguns vivem para o riso
se dizem libertos de compromissos
na realidade são apenas submissos
ao pecado da omissão.
Henrique Rodrigues Soares
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