terça-feira, 27 de abril de 2010

Distrações




















estremecemos diante de outro corpo!
um par de seios...
uma cruzada de pernas...
e nos deixamos ser levados pela imaginação
uma distância longa a percorrer
a idade que não para de apresentar seus sinais
e seus efeitos
a preguiça de sair do lugar tão cômodo
a rotina que vira fuga e
o medo das circunstancias


o que é o corpo?
senão matéria que perde da sua força aos cinquenta
sua jovialidade... sua vaidade...
sua beleza e sua arrogância
começam a desmoronar


o que é o corpo?
senão um invólucro cobrindo um monte de ossos
sua engenhosidade... sua sensualidade...
sua pele com sua importância
começam a se entregar


nada melhor que o tempo
para esvaziar todo enchimento
para purificar todo sentimento


nada melhor que o tempo
cadê os músculos com energecimento?
só vejo um rosto de enrugamento!...


meses... estações...
atrações... sensações...
e nada melhor que o tempo
para mostrar toda verdade


Henrique Rodrigues Soares

Alguns conselhos














Não despertes o amor silenciado e adormecido
Não lute com o que não pode ser vencido
Não tome dores de um desconhecido
Não encontre paz no almoço inimigo


Não rejeite a sombra do amigo
Não confie cegamente em teus sentidos
Não liberte o que pode ser escondido
Não entregue o brilho para o bandido.


Henrique Rodrigues Soares - O que é a Verdade?

Látex Humano



















A insegurança de teus olhos
A frieza com que teu corpo me recebe
O silêncio de tua boca
As tuas mentiras que não me enganam
O sorriso encolhido, a frase mordida...


A rejeição em cada pedaço do teu corpo
respirando outro ar, outro hálito, outro suor
que vem de outro corpo


Me vejo aqui só
Triste, como um jiló
passeando em meu gosto
Não te entendo
como não entendo as estrelas
tudo vai caindo e se quebrando
meu corpo está tremulo e minhas pernas fracas


O que adianta gritar
se as montanhas não podem ouvir
O que adianta sonhar
se não posso ser feliz
Vejo você indo embora...
Um ponto de luz apagou
meus olhos brilham de saudade.


Henrique Rodrigues Soares

sábado, 24 de abril de 2010

Resíduos de uma Noite















A conformidade dos desejos não me reprime mais
Este sono já não faz dormir
Este teu corpo nu na cama não me excita mais
Este tiro no escuro não amedronta mais


Eu já me fui indo pela noite adentro
sem esperar nada, nem ninguém
Vejo mulheres lindas
de cabelos artificiais, rostos artificiais,
de pernas artificiais, bocas artificiais,
de sexos artificiais, e almas podres sem religião
Vejo velhos escondendo atrás de suas cãs
Vejo a vergonha presa num armário
numa dessas casas velhas perdidas
nessas ilhas distantes
no passado de rochas calcárias.


Meu sentimento vai indo no vento
aos pedaços como uma virose
Resíduos de dores acumulam
em meu corpo envelhecido
sem esperanças de cura.


Henrique Rodrigues Soares

Realidade




















Para quê amar?
Se sabemos que vamos perder.
Para quê sonhar?
Se sabemos que vamos acordar.


A realidade é uma parede maciça
de cimento ( e não sentimentos ).
A morte um tempo
que não temos como fugir.


Nos armários temos espelhos
que não refletem a minha verdade
que não refletem meus anseios.
Dentro dos teus olhos me vejo
vazio de desejos.


Henrique Rodrigues Soares

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Carta Poética para Amiga Reggina Moon




















Os teus blogs são um sereno lugar
em que mergulho meus versos
em que mergulho meu olhar
e colho as cores dos sentimentos.
São um vaso de flores
aonde estão os que são escolhidos
pela jardineira que rega os seus seguidores.


Um mundo de poesia
onde desde a dor, solidão e melancolia
esbarram com a mais fina alegria.
Pleno lago onde habita seres vivos
e lembranças de reflexões mortas.


"Versi D'Amore", " Verso & Prosa"
"Poesia no Tempo"
Estrelas de um firmamento.
E o meu "Pecado Poético"
para destilar minha ousadia.


Henrique Rodrigues Soares - O que é a Verdade?

domingo, 18 de abril de 2010

Elegia para uma estrela















Estrela rara que brilhou um dia
O teu fulgor resplandeceu em minha face
Quebrou-se os elos e os disfarces
Desencadeou o ritmo da magia


Minha estrela! Doce estrela remota
Despontara sobre meus olhos
Aquecera meus poros
com tua luz ignota


No universo, tua luz findou
E no céu o silêncio absoluto
Num pranto. Como num furto


Se foi, e se calou
Então do azul o céu tornou-se luto
E o amor tornou-se dor.


Henrique Rodrigues Soares

Obstinação

















Nasci... uma viagem
Para eternidade um sonho
No termo judaico 'Pessach'
Sem direito de volta, me assanho


Um dia ao despertar... a morte
Não como prêmio, mas como obrigação
Não preciso de bilhete da sorte
Não há como fugir desta missão.


Henrique Rodrigues Soares

sábado, 10 de abril de 2010

Dúvidas



















Quem foi embora?
Se não foi a hora!
Que foge sempre pelo tempo.


Que me resta agora?
Da malvada senhora.
Que controla o momento.


O que é o instante?
Se não é constante!
Se não posso agarrar.


Qual o valor do diamante?
O desejo do amante...?
Não posso mensurar.


Henrique Rodrigues Soares

Young Flu - Uma Paixão em Torcida















Os teus guerreiros marcham pela pista.
Vitórias e adversidades, nosso ritmo, punho colado.
As tuas concentrações
com teus cantos de paixão
e teu alarido de guerra.


O mar branco na arquibancada predomina.
O Flu me domina...
As camisas que parecem couraças ou peles.
As nossas cores abrilhantam qualquer estádio.
Gritamos Young Flu até morrer!


Meu coração é envolvido
com a batida da nossa bateria
que incendeia minhas veias.
Meus olhos transbordam
diante de nossas bandeiras.
Estandartes de uma comunhão,
Fluminense e sua torcida.


"Quem fala de nós não sabe o que diz"
Armando,o que fizeste conosco
quando ajuntaste este povo
e criaste esta paixão.


Henrique Rodrigues Soares
Foto de Armando Giesta, fundador desta paixão.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Fotógrafo















Aquilo que chamam de mato sem graça
ele chama de Natureza
Aquilo que chamam de chão
ele chama de Raízes
O cantar dos pássaros posso quase ouvir
no instante clicado
Sinto as folhas mexendo pelo vento
Sinto o perfume das flores desabrocharem
O foco da imagem que passa em minhas retinas
ele grava com seus olhos máquinas
nos dando poesia para sempre.


A poesia pode ser escrita
A poesia pode ser fotografada
A poesia deve ser lida
A poesia deve ser contemplada


Entre a imaginação e a realidade
Os bichos, as plantas e os humanos
Os atos e os fatos
Nas florestas de tintas.


Henrique Rodrigues Soares
Ao meu amigo Antônio Carlos Januário - Um poeta das imagens.