quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Passagem de Ano




















O ano passou e com ele
as dores, as flores,
as alegrias, as trevas,
as loucuras das ervas,
o pó que aniquila
e o pó aniquilado
nos moveis, nos retratos antigos
que assistiram, que resistiram
tantos anos passados


O ano passou e teus olhos desejaram...
imploraram... choraram por milagres e sonhos
E você solitário sofreu com tua própria decomposição
No teu corpo feneceram flores de desejo;
flores angustiadas, medrosas e rancorosas


O ano novo nasce e você conforta no futuro
O ano novo nasce cheio de rugas e pelos brancos
Mas, há um novo amor no teu coração
Há um novo sangue em tuas veias
e novas estradas levam até novos horizontes
E nas florestas densas, as matas virgens suspiram por teus pés


Os tempos mudaram
A chuva molhou a terra
No céu relâmpagos anunciam novas guerras
Despi-me das feras e das derrotas do passado
Os rancores e temores se escondem no fundo do baú
Os teus olhos brilham como a estrela que pediste o desejo.


Acenda uma vela para teu corpo
Há apenas uma trilha para uma vida inteira
Fume teu cigarro... os sonhos se queimam...
de concretos viram fumaça,
como tua vida que passa
Espere, pelo ano que vem.


Henrique Rodrigues Soares

Juventude
















Mar de fúria e de inquietude
as mãos engorduradas de desejos
roupas armadas de atitude
vaidosos em seus ensejos.


São água derramando no recipiente
falam como donos da verdade
são livres em suas mentes
mas se perturbam frente a liberdade.


Henrique Rodrigues Soares - Fases da Vida

Adolescência




















Calmo, fui no que pude
preso nos sonhos adolescentes
cheio de fúria e atitudes
louco, tempestuoso e displicente.



Farto de desejos... amores crônicos
jeito puro, atirado e indômito
às vezes falo muito... vezes lacônico
bicho do mato, surpreso... atônito.



Minto por não saber a verdade.
Espinhos... meu rosto deformam
hormônios... meu corpo transformam
de sincero, minha autenticidade.



Voraz e de alma gentil
sentimentos ferozes
todos consigo... algozes
de um desejo mercantil.



Henrique Rodrigues Soares - Fases da Vida

Infância














Já pequenas plantas... elas cresciam
procurando seu lugar no mundo
falta de certeza do que faziam
brincando estes seres fecundos.



Do mal ou do bem, mas sem querência
pedras esperando serem lapidadas
algumas brutas e deformadas
em sua infinita inocência.


Henrique Rodrigues Soares - Fases da Vida

O Embrião




















Nascemos embriões vigorosos
sete a nove meses guardados
para que nossa carne, nossos ossos
possam viver enfim... separados


Do seio materno que nos preparou
e a quebrar o cordão que nos prendia
num despertar quase que lento chorou
a semente mostrou sua magia.


Henrique Rodrigues Soares - Fases da Vida

Apolo













Narcisos enfurecidos
pintaram seus retratos.
O espelho de uma perfeição
que não existe.
Perfeitamente imundos
são suas almas
e seus preconceitos
e seus racionalismos
baratos.


Egoístas imaturos
não conseguem controlar
sua inferioridade
diante do seu frágil
disfarce
escondidos no espelho.


Henrique Rodrigues Soares

Poema Sujo










Não escreverei palavras belas ou afáveis.
Não cantarei a alegria, o romantismo,
nem as mulheres.
Cantarei, sim!
O som triste da solidão
os negócios escusos
os sentimentos confusos
a feiura e o ódio que exorcizam meus olhos


Não ficarei calado
é necessário continuar,
então escreverei... escreverei... palavras terríveis e absurdas
escreverei dores, derrotas e egoísmo.


Sinta nas suas narinas
as impurezas do meu coração.
Sinta nas suas narinas
o mau cheiro destas palavras.


Não há beleza na realidade.
Não há amor na realidade.
O não existir é perfeito
as flores são perfeitas
e o homem uma mentira mau contada.


Nossos olhos enganados sobrevivem
do vaivém dos disfarces
que circulam entre nós
com toda sorte de maquiagem.


Henrique Rodrigues Soares

sábado, 12 de dezembro de 2009

O Operário e o Marinheiro
















E o operário, carvão que alimenta as usinas
Força, combustão usada nas oficinas
Ser bruto que habita em obscuras minas
Escravos das horas como uma máquina humana
Preso a um salário de semana
que ao seu trabalho profana
por seu valor mísero e curto
E o patrão de meios escusos
já que possui muitos recursos
com a esperteza de quem sabe furtar
consegue dividir ou enganar?
Um salário p'ra três, e conseguindo escravizar
ao operário que sem dinheiro
como um bom marinheiro continua a navegar
Pois melhor um navio pobre do que ficar longe do mar
E assim sendo, o solitário marinheiro
navega, navega, navega...
com seu estômago vazio
com sua alma vazia
mas com seus olhos cheios de águas
Águas do mar
Nada, nada, nada...
pois acabou o combustível
E quando reclama
nada, nada, nada...
pois acabou o mar
O mar secou.


Henrique Rodrigues Soares

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Saudades
















O mar se achega a terra
como quisesse consolo
como quisesse enxugar suas lágrimas
como um companheiro cheio de saudade
como quisesse consumir
com fúria
agredindo, penetrando,
irmanando pela terra.


Tua espuma num encontrar de lábios
florescidos
umedecidas glândulas salivares
O teu sal de desgosto
O teu frio de solidão
O teu amargo de saudade
Ah! Espuma branca, pacífica,
sinal de evasão
O teu sentimento indevasso.


Henrique Rodrigues Soares

Estado Terminal
















Lembrança de vida imaculada
sem vícios, precisa
guardada na espera
do amor que não veio


Este meu coração submisso
esperou por teus olhos
por décadas de solidão


O mundo me deixou cair
em soluços e deserto
E me levantei como sol no inverno
apenas por obrigação


Aonde você está?
que não te vejo
Sinto agora o tempo perdido
com palavras suaves


Sinto a vaidade sagrada
que cultivei
Os casulos ranzizas
que morei


Me deixei
no cálice do esquecimento
que caiu
e se quebrou.


Henrique Rodrigues Soares

domingo, 6 de dezembro de 2009

Religiões















Deus? Deuses?
Um? Milhares?
Todos num só, ou todos com todos?


Culpados ou inocentes?
Criadores ou criações?
Escravizadores ou escravizados?
Destruidores, vingativos ou libertadores?


Símbolo da fé humana
tão humana, por isso, tão frágil
Deuses humanos
a nossa imagem e semelhança,
ou vice-versa
Nacionalistas e tiranos
com o tempo
alguns viraram poeira
alguns fortaleceram-se
outros apareceram.


E os homens escolheram
um, três, três em um
para ser adorado pela maioria
Mas o homem, já que a fé é humana
confundiu e confundiu-se
criando a religião
que é humana (por isso cheia de erros)
versificada
versificou
milhares de teoria sobre um mesmo Deus
Que assim acabou tornando muitos
que são ao mesmo tempo
um só.


E o homem
na sua eterna cegueira
continua procurando
um culpado para tudo isso.


Henrique Rodrigues Soares

Sensações 2
















Sou como a nuvem
passageira e suave no azul do céu
Não espero nada de ninguém
Não quero que esperem de mim
Quero sossego para olhar a vida
com meus olhos.
Com meus próprios olhos.


Quero enxergar o fio da vida
que arrebenta com o findar das horas
Pois a vida não é mais do que isso
Um fio infinito que não se vê
apenas posso senti-lo sua negra decomposição em mim
A hora é sua maior inimiga
Você nunca convencerá
Pois ela é sua dona


Não siga o caminho negro
nem o caminho branco
Pois não há caminhos para quem vive
apenas a morte


E nesta noite calada
teu carinho me sustenta, vivo,
ou quase vivo
Não tenho mais certezas
A escuridão é dúvida
e só vejo escuridão
Tua alma é escura
como a alma de qualquer mulher.


Henrique Rodrigues Soares

Elegia para Cláudia




















Ah! Como eu te amo
Um amor puro sem censura,
sem carne, sem mistura,
sem posses, necessidades ou obrigações.
Te amo te querendo
sem querer para mim


Ah! Minha amiga
Nas noites em que o abismo se achega
Nas noites que minhas lágrimas
brotam nos meus olhos
A tua presença é uma luz acesa
que brilha que esquenta meus poros.


Quando este astro louco deixar
esta galáxia.
Ele levará consigo
uma lágrima, um sorriso, um carinho teu
numa longa caminhada
num doce adeus.


Henrique Rodrigues Soares
A minha Querida amiga Cláudia.

Fora de órbita




















A noite se vestiu de estrelas e sagacidade
Afoito, petulante, sou um anjo puro
Meus olhos são incisivos e obtusos
Tão vazio este sorriso de sinceridade


Impregnado pela intensidade da volúpia
Te vislumbrei na casta penumbra
cintilante teu rosto me inunda
nesta inefável noite de núpcias


Porfiei, por estes segundos íntimos
A noite, uma escuridão obesa
se aflige e uiva indefesa
por seus próprios desejos ínfimos


O meu riso é caustico
ludibria minha face
Este teu quase?
É frase de matemático


Meus olhos tremendo
correm teu corpo envolvente
Ouço o latejar
do mar de saliva entre teus dentes


Sinto teu sangue agitado
andar por teu corpo
Sinto teu sexo suado
chamar por meu corpo.


Henrique Rodrigues Soares

Cavaleiro Maldito




















Ao cérebro, este cativo da loucura
num mar de tormentas navega
preso as ilusões que se apega
esperando o convívio da terra pura


Oh! morte, mar de obscuridão
me agasalha como teu filho nobre
nesta voraz noite de cobre
em que me resta a tribulação


Atribulado, e sem esperanças
como um cavaleiro andante das trevas
em que me prendo ao feitiço das ervas
e, ao pecado que é pecado por usança


Acorrentado pela dor que me abate
a solidão é febre que fere e que mata
sou exemplo do lixo, da sucata
pra quem já foi carro de combate


O calor do verão. O frio do inverno
tão intensos, tão iguais, tão inversos
não me acostumei a este mundo perverso
que pra mim é uma etapa do inferno


Da vida, não espero flores
espero apenas esta maldição que sustenta
a humanidade que em marcha lenta
vai de encontro a morte e as suas dores


Triste, vil, é meu fado de álcoolotra
que bebo pra me libertar do sistema
mas acabo, me escravizando no emblema
de louco, híbrido e idiota


E este meu espírito de anhangá
num arpejo de morte
no ágape dos fortes
sem receios se entregará


Mas tu não verás meu sangue
ser derramado neste planeta mundano
homenageando algum deus profano
sou nulo e meu corpo exangue


Também, não verá lágrima
de minhas pálpebras derramar
por esta vida que vou deixar
pois ela é tédio e traumas


Não quero vestido suntuoso
quero apenas amargura casta
das trevas que me arrasta
para o fim tenebroso


Na cova me atirei, virei passado
o ativo dos meus dentes cessaram
as águas do meu corpo secaram
a terra me pranteou calado.


Henrique Rodrigues Soares

Labirinto sem Opções


















Vejo a noite cobrindo
todo o meu corpo
O sussurro da noite
persegue os meus ouvidos
Me perdi num grande vazio


As flores estão sem graça
O cansaço vai tornando em desespero
O absinto tornou doce
O céu e mar estão vermelhos
Os teus olhos estão secos
como um vídeo que passa o mundo
sem seus sentimentos


Então peço perdão por não te conhecer
Então peço perdão por te odiar
Então peço perdão por não acreditar em você
Então me entrego...
como as folhas se entregam ao chão
Como o cair da noite
espera o alvorecer.


Henrique Rodrigues Soares
Ao Dinei que nos deixou tão cedo.

Amor Recondicionado














O teu brilho que até ontem se perdera
de fulgor e glória está de volta
O teu riso que não houvera
Hoje anda, e perfuma à solta


O teu corpo sacia meus olhos
da sede que resseca
minha boca seca
Fiquei muito tempo
te esperando
me consumindo
quase sumindo
vendo o tempo findo
pois a vida acabara
e eu te esperando


Mas como um cão fiel
O corpo espera seu dono
Passa verões e outonos
Já estou sentindo sono
Mas só irei se for pro céu


Então como despertar do inesperado
Vejo meu coração alimentado pela matéria
E o coração recondicionado
bombeia sangue renovado
por veias e artérias.


Henrique Rodrigues Soares

Vida Difícil


















Se puta ganha
seu ganho
com pernas que andam
com pernas que arreganham
e abraçam o mundo.


Se o desejo é imundo
aos olhos do mundo
Então respire profundo
e se perca sem perdoar.


Se teu corpo não se acanha
Se a moral não tem vergonha
Se tuas máscaras não desabam
Se teu rosto não perde o disfarce
De quem tens medo?
Se no mundo não existe segredos.


Henrique Rodrigues Soares

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Um Caso de Amor


Hoje vou deixar de poetizar, para falar de uma torcida que é sinônimo de poesia. No dia 03 de dezembro de 09, por volta das 18h00min horas uma paixão incontrolável tomou as ruas da Cidade do Rio de Janeiro.
Um sentimento que ensinou a muitos o verdadeiro valor de torcer, não torcer só por títulos, mas sim por uma paixão que não pode ser controlada, torcer por uma fidelidade prometida sem esperar retorno, torcer por uma intimidade entre um time de guerreiros e seu povo que dependem de sua sorte.
Muitas vezes as vitórias escondem nossas fragilidades, mas diante das derrotas que nos vemos face a face.
O Fluminense e sua torcida puderam olhar um dentro dos olhos do outro e ver toda uma sinceridade que contagiou até os seus mais arqui-rivais. O Fluminense e sua torcida misturados para sempre.
Festas por festas de tantas tão belas, para um clube com tantas conquistas esta foi apenas mais uma, porém diante de um ano que este grande clube se viu tão perto do abismo, sua legião de torcedores cantando num alarido de guerra sem olhar para obstáculos, confiando numa esperança remota, se agarrando a uma fé de sangue encarnado, sem vergonha de se mostrar para todos que este amor por mais que seja desmedido nunca acabará.
Como diz a bela música “Meu coração acelera, quando vejo o Maracá cantar, Fluminense escuta teu povo que veio te apoiar”
Hoje posso dizer muito mais do que ontem, me orgulho de vestir esta camisa, me orgulho desta torcida, que pode não ser a maior, mas o seu amor está bem acima do que pode ser medido.

Saudações Tricolores!
Henrique Rodrigues Soares

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Prisioneiro Imunológico

























Posso sentir a morte em meus olhos
Meus olhos profundos
Que tudo vê e acha imundo
Mas, a morte não está em meus olhos
Está em todo meu corpo
em minha respiração vaga e indecisa
na minha alma escrava
do medo e da dor


Posso ver nuvens negras em minha cabeça
Negras como a noite
Noite louca, noite horrenda
Prisioneiro da loucura
tenho a morte no meu sangue
E a cada batimento cardíaco
centimetros meus vão morrendo
Minhas defesas não existem
Minha vontade não existe
Minha razão não existe
Meu amor, meu ódio e minha arrogância
não existe mais


Não existe vida
Não existe nada
Apenas um vácuo
Apenas um corpo.


Henrique Rodrigues Soares

Cotidiano

















Acendo meu fumo
para recompor meus pensamentos
Vivo do que sobrou
Um amor de culpados


Há tanto frio nas calçadas
Há tantas famílias bombardeadas
pelo sexo da rua, pelo divórcio,
pela etnia, pela fé.
Não pensarei nisso,
Estou ocupado!


Ocupado com o próximo capítulo da novela
Nela não há palestinos, nem judeus,
nem o IRA, nem protestantes.
Pra quê quero saber disso?
Nas novelas não há fome
Só há ricos que consomem
Nas novelas não há mendigos
Só nobres e príncipes.


Quero pensar na novela
Quero sonhar como novela
Quero viver como novela
Quero amar como novela
e morrer como novela.


Henrique Rodrigues Soares

Ilusões















Quero ilusões
As fantasias sujas do mundo
Quero ilusão em pó
conformando meus sentimentos
Quero ilusão líquida
tão rápida, tão intensa no meu sangue
correndo por todo o corpo.


Quero a ilusão em qualquer estado
que a matéria possa me dar
A validade me deixa cansado
e estou cansado de vê-la.


Me dê gotas de felicidade
Me dê um sorriso sujo
Me dê esperanças compradas em alguma farmácia.


Henrique Rodrigues Soares

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Canibais Urbanos
















Qual é o teu vício?
Qual é a tua necessidade?
O teu sonho fictício
sinal de insanidade


A noite te cobre
com seu silêncio negro
Calando tuas ilusões
e teu desespero
A noite sacia tua sede
e seca teus olhos esperançosos
O vento te ronda
o vento te assusta
com sua voz soprana
numa noite sem palavras


Dominado pela fumaça
da tua liberdade
Você traga em doses violentas
Ela flui por todo teu corpo
e te leva a uma porta fora da realidade
na obscuridão
do êxtase
que é desafiar o medo
O medo do quê?
Este medo que assombra teus olhos
e faz suar todo teu corpo
Ele é tua humanidade.


Henrique Rodrigues Soares

Mistérios




















Nasci, um molequinho
Conquistando e sendo conquistado
pelo natural, sobrenatural, artificial, superficial
Um céu de incertezas e dúvidas
Montanhas de mistérios
A vida é realidade
A vida é mágica
é mentira, é vaidade


Nasci, molequinho
mas não sei se chegarei a ser velhinho
Cheio de sabedoria, burrice, loucura,
será que chego lá?
Vivo o máximo que posso
Pois a vida é longa, e é curta.


Henrique Rodrigues Soares

Meditações















Tua voz ecoa em meus neurônios
sinto o esvaziar do tempo
Montanhas nos cercam
tentando nos destruir
Te levo na minha proteção para as virgens nuvens brancas
A terra e o mar
se enfurecem
e disputam cada centímetro do planeta
E nós daqui olhamos
os dois meninos mimados
que se eternizam numa guerra ocupacional.


II
A madrugada é morta e solitária
e o teu seio estremece com o frio
que congela as esperanças
Meus anseios me perturbam
perturbam no desejado
Me prendo em metas
e me derramo em desculpas
Me constipei a chorar das dores tranquilas
Sou um bom masoquista.


Doces mentiras podem vir de um copo de vinho
mas a verdade engasga, e ás vezes mata
A mente deterioriza o próprio corpo
como um senhor maldito
que escraviza e judia seu mais fiel servo
A mente trama loucuras e o corpo padece.


III
Teus ideais brilham
com a aurora da vida
Mas com o chegar da noite
a morte crucifica teus sonhos
e rasga tuas roupas
e te deixa nu,
sozinho


O vento te agride
O tempo te envelhece
matando o que você conquistou.


Henrique Rodrigues Soares

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Enigma de Amor




















Não importa o belo ou se é feio
A calma sem recheio
A resposta que não veio


As intromissões que permeio
Posso rimar com cheio
ou tocar nos teus seios


Os teus lábios que sem receios
salivam meus anseios


Não quero que me aprece
Teu corpo nu me aquece
na eternidade de uma prece


A penumbra me arrefece
O silêncio embrutece
numa solitária quermesse


Teu amor me emudece
Teu favor me enfraquece


O que era impossível agora é dia
Do teu intimo a magia
Peguei teu cheiro que fugia


dos meus braços que entenderia
o desespero de quem perdia
aquilo que não encontraria


no teu doar eu te prenderia
em te amar eu levaria


por todos mares e cantos
por todas camas e campos
por tudo e portanto
Te semeei em mim e pronto
Me colha no ponto
pra nada de mim perder.


Henrique Rodrigues Soares

O trabalhador e a cidade pequena
















Cidade pequena
onde o trabalhador dorme,
quando consegue dormir?
Ligado a cidade grande
pelo trem
que como corrente do rio
carrega tudo que está na sua frente


E o trabalhador
água que segue seu curso
ao oceano
para buscar uma força
seu sustento


Como o rio que não pára
lá vai o trabalhador
em sua jornada
E a cidade pequena
como uma margem
fica a margem
a margem do rio
a margem da vida
a margem do trabalhador.


Henrique Rodrigues Soares

Máquina de Amor
















Olhares perdidos
corpos usados
sexo na cama
sentimentos nas paredes



Dúvidas? Medo? Angústia?
Não há explicação
Corpos? ou copos vazios?
Apenas o ar quente e o verbo possuir


Horizontes tão baixos
Um vazio profundo domina o ar
congelando os corações
Então, apenas vejo o movimento
o usar das máquinas.


Henrique Rodrigues Soares

Conto de Fadas















Um dia conheceu-se a América
Nasceu Brasil tão lindo, tão verde, verde...
que até hoje não amadureceu
Portugal sua pátria madrasta
como uma madrasta sempre o amou
Veio então a tal liberdade
e depois a maçã ianque
e depois... e depois... e depois
O Brasil dorme até hoje
esperando o príncipe encantado.


Henrique Rodrigues Soares

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Amor Demitido



Vãs palavras falei ao teu ouvido
Sussurrando desejos proibidos
Teu arcano tornou-se tua arma
E minha fraqueza meu carma


Os teus sonhos terapia de vida
Perdidos num antártico verão
Tuas mentiras tornaram-se bebidas
para alimentar esta física ilusão


Amor que agoniza
Amor que tira sangue
e que deterioriza
Amor que te deixa perdido
estúpido... incompreendido
pelo mundo que rodeia


Demitido... aviso prévio
Justa causa pode ser
Mas meu coração não aceita
Peço que volte e fique
e tire este ardoroso tédio
que não consigo mais vencer.


Henrique Rodrigues Soares

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Meditações Urbanas














no vaivém oprimido
no morrer do remanso
vidros de comprimidos
compensando o descanso


como é pequeno apartamento
os sonhos inúteis
um corpo de enchimento
para horas fúteis


caras amarrotadas
olhos armados
roupas engomadas
trânsito cansado


beleza se compra
felicidade se encena
o amor está em cartaz
em qualquer cinema


II
os calos se apertam
as paredes não protegem
os medos cercam
os tiros sucedem


comida de conserva
literatura fantástica
televisão para conversa
plantas antipáticas


um amante impotente
uma comida fria
uma conta corrente
de fonte vazia


liberdade contida
linguagem obscura
nicotina e bebida
citadina ternura.


Henrique Rodrigues Soares

domingo, 1 de novembro de 2009

Elegia ao Fluminense
















Meu coração tricolor
que tanto de alegria e cor
hoje rima com dor


Tentei te esquecer...
Mas como um crime
que nossa consciência recorda
não consigo esconder
Sofro por nossas derrotas
Pois teu nome cravei
tuas cores amei
em meu consciente
Até morrer sou Fluminense!


Quando lembro de teu passado
e vejo teu presente
De campeão idolatrado
a torcida ausente
Me dói, como dói...


Ao lembrar do meu Maracanã
lotado, verde, vermelho e branco, lotado
Minha nobre humilde Laranjeiras
na Pinheiro Machado
Rostos de orgulho suas bandeiras
tremulando aos gritos de "Campeão!"
Vemos hoje o estádio vazio
os olhos tristes dos poucos torcedores
que pela paixão ainda vem te ver


Cadê o teu orgulho guerreiro?!
Cadê tua disciplina vitoriosa?!
Oh, Fluminense!
Cadê teu pavilhão de glórias?!
Que fez tantos fãs pelo Brasil


Mas, meu coração ainda sonha
e no teu verde esperança...
ponho a certeza de um novo amanhecer
Meus olhos, te acompanham
Pavilhão de tradição
não pode ser julgado em divisões
Os teus méritos são tuas cores
teus títulos e teus torcedores


Fênix de sangue encarnado
de raça, de paz e de força
Renascerá sobre nossos arqui-rivais
vascainos, botafoguenses e urubus


Ave guerreira de três cores
Voltará brilhando no céu
que é o lugar onde nasce estrelas
e permanecem por toda eternidade


Fluminense!
Astro Rei
do futebol carioca.


Henrique Rodrigues Soares

Um quadrado




















O pavor, o medo
A angústia percorre pelos corredores
Artérias e veias
se contorcem, se dilatam,
perderam o controle da sua proporção
O passado se revolta
destruindo o futuro
O futuro dos teus planos


Não me permito sonhar
apenas tenho pesadelos
Minha tempestade me cobra
porque deixei de enfrentá-la
Fui corajoso em me tornar covarde
Escravo dos horizontes que me alinhei
Escravo dos medos que temi
Escravo dos tabus que criei


Sou poligonal
Contenho minha covardia
me escondendo na pedra de Drummond.


Henrique Rodrigues Soares

sábado, 31 de outubro de 2009

El Pibe de Oro




















Como verei futebol sem ver Maradona.
Cadê o craque argentino?
Futebol de gigante... tamanho de menino!


O que será de nós? Pobres mortais!
Sem vê-lo com a camisa azul e branca de seu país
O gramado que fora pisado por seus mágicos pés
A bola que acariciada foi por seus toques sensuais...
hoje choram de saudade por aquele craque do Boca
que calou tantas bocas...
e acendeu outras de alegria


Ah, Napolitanos!
Quanta tristeza vela em seus corações
Ah, Castelhanos!
Guardem em teus olhos as visões
do menino demônio
que conquistou o mundo com o dom do futebol.
Tão feroz como um furacão passou
Com o talento magnífico nos encantou
Maldito foi, os caminhos de seu coração


De deus, agora vida de mortal
num tango sem carnaval
passos de tristeza e dor.
A Argentina, o Mundo,
viu o martírio num lento suícidio
do herdeiro castelhano
de Pelé e Garrincha.


Henrique Rodrigues Soares
Homenagem a Maradona herdeiro hermano do futebol brasileiro que fez aniversário no dia 30 de outubro.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Um País
















Antes, quem me dera
todo dia virasse fera
nessa esfera terrestre


Não há nada que preste
Só o caos se repete
E este sorriso de confete
gravado no rosto


O antigo foi deposto
Pra que o novo no encosto
com seus passos cheio de mosto
venha nos libertar


As marchas vão marchar
sem leito para descansar
sem provisões e previsões para sonhar
Cadê as bandeiras?


De fortes encheu tuas fileiras
De morte tua veste guerreira
Transformou em esteiras
para transportar...


Tuas palavras de "Ordem e Progresso"


II
Teus líderes vampiros
enfeitados entre suspiros
defendido por seus tiros infantis
Teu orgulho de anis
Teu espírito de matiz
Com uma vitória de verniz
para comemorar


É tanta terra, é tanto mar
Mas teus filhos não tem lar
Cadê a farinha pra amassar
o pão que o diabo velou


Há tanto pranto que a fome calou
tanta esperança, tanto amor
tanto sangue, tanta dor
nesses micróbios que te louvam...


O grande pátria inexistente!


Henrique Rodrigues Soares

Rosa de Sarín















Vida que me foge...
Sangue meu que escorre...
Quando verei de novo
o sol nascer?
Quando teus raios
voltarão a me aquecer?


Tenho esperado por você
minha manhã de alegria
A madrugada é longa
tem durado noites e dias


Não fujas de mim
estanque meu sangue
socorra minhas lágrimas
enxugue minha solidão


Há dias que penso em você
Há noites que penso em você
E estes pensamentos
refrigeram meu coração


Te trago nos meus olhos
Te trago em meu peito
O meu sol não quer ocaso
Quer sempre o dia perfeito.


Henrique Rodrigues Soares

domingo, 25 de outubro de 2009

Momento de Poesia















Arranquei-lhe um beijo
como se arranca uma esperança
dessas que se planta, rega, nasce e suplanta


Seus olhos arregalados me devoraram num susto profundo
Tão profundo quanto o beijo que lhe roubei


E minha língua roçando sua língua
seu estômago, seu pulmão, seu corpo, sua alma
E em pouco tempo nos tornamos nuvens
nuvens carregadas de poesia
Choveu poesia em nossos corpos
e nossos corpos suaram poesia
e quando acabou a poesia
A vida voltou ao mesmo inferno.


Henrique Rodrigues Soares

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pecado




















Te sinto por perto
cercando o puro da alma
quebrando momentos de calma
com um mover inquieto.


Parece que tudo está quieto
mas teus passos são ardilosos
aos nossos olhos e carne saborosos
no inicio oculto, encoberto.


Quando contaminas, descoberto
sua pústula que apodrece
câncer, lepra que enlouquece.


Espalhas, sem ser contido
e do profundo mar escondido,
para vergonha aparece submerso.


Henrique Rodrigues Soares

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sonhando Acordado



















Dormir... dos sonhos é a fonte
que não pára de jorrar
e do cansaço é a ponte
para quem quer descansar.
Quem vive de sonhos... loucura
se torna a explicação
dinheiro, riquezas, fartura,
castelos de ilusão.


Acordar... torna-se amargura
para quem na vida tem que lutar
a vida real torna-se dura
quem na vida não pode sonhar,
A muitos que sonham passado
pois não pode se libertar
deste pesadelo fardado
que os conseguiu escravizar.


Henrique Rodrigues Soares

domingo, 18 de outubro de 2009

Velhice















As horas passam rapidamente
Não posso controlar
Meus cabelos brancos
Meu rosto enrugado
Minha mente aguardando o sinal verde
Pois o caminho está aberto
Desde que abri a porta.


Henrique Rodrigues Soares

sábado, 17 de outubro de 2009

As Mãos
















As mãos descem com a noite
num oceano de dúvidas
Se aprofundam no egoísmo de possuir
Bocas se perdem
num inefável encontro
Tua saliva, teu gosto,
teu desgosto da vida
em que vagas como uma sombra


O vento acaricia teu rosto
Meus olhos acariciam teu corpo
e me penduro no teu pescoço
com meus sonhos e meu desespero


As mãos se mexem
Ficam distantes
Se unem (porém ainda distantes do teu corpo)
Suam um suor delirante, exaustivo
Uma noite fria
e na tua pele uma tempestade fluiu
Todo sim, não e talvez
que o mundo pode te dar
te comoveu
num frio ar de tristeza.


Henrique Rodrigues Soares

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Amante da Velocidade



















Veloz como um pássaro.
Veloz como um supersônico.
A cada curva uma aventura.
A cada volta uma luta
contra a morte
contra o incompreensível
contra o inatingível.
Inatingível? Para muitos,
menos para você.
Recebeste o dom da velocidade,
o dom de centésimos... milésimos...
Volante indomável.
Hermes solitário.
The Flash brasileiro.


Tão brasileiro que nos comoveste
a nos vestirmos de um orgulho nacional,
que tantas vezes ficava perdido
nos armários do emocional.


Viveu, correu, correu, viveu...
morreu... em alta velocidade
naquela curva que calou um país,
toda uma nação.
Os roncos dos motores
nunca mais serão os mesmos.
As manhãs de domingo
nunca mais serão as mesmas.
As grandes vitórias, os grandes recordes,
o teu show pela chuva
nunca mais veremos.
Saístes das telas e dos autódromos
corre agora em nossas veias
em nossos pensamentos.


Então, nesta saudade choramos
rápido demais foi-se o nosso campeão.


Henrique Rodrigues Soares - 01/05/1994
Uma homenagem ao eterno Ayrton Senna do Brasil

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A Infância

















Quando era criança queria ser grande
Quando se é grande quer ser pequeno
Ainda me lembro de quando menino
apenas sonhava
Pesadelo é coisa de homem barbado.


Dirigia ônibus, era médico, matava ladrões,
governava o mundo, salvava as pessoas,
até podia ser um bom vilão.
Morria de brincadeirinha
quando se cresce vê que a morte não é brincadeira
Vivia de brincadeirinha
o mundo era um pequeno brinquedo
que minha inocência dominava.


Então cresci, e me perdi
pois o mundo tornou-se grande demais para mim
Quanto mais cresci
menor me tornei diante do mundo.
Meu coração virou um pequeno brinquedo
na mão de crianças más
então tudo aconteceu naturalmente
o ônibus me atropelou, o médico me maltratou,
fui acuado e dominado
não salvei nem a mim mesmo.
E o bom vilão?
Ah! esse me matou.


Henrique Rodrigues Soares

domingo, 11 de outubro de 2009

Desejos sensuais da Noite





















No acordar, no nascer da volúpia
ansioso pelo ópio do corpo
envolvente, transeunte, dominador
vejo me entregar


Se espero, é por momento mais sincero
por algo devolvido
em troca do proibido
que despercebido minha boca tocara


Os encantos, o cheiro do desejo
o crime que não se percebe
o mal que não se concebe
está dentro de nós


De pecados santos
encheu-se meu coração
as línguas numa guerra
de espaços
lutam e se abraçam em laços
de sangue, carne e ossos.


Henrique Rodrigues Soares

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Poética















Não faço versos
Eles apenas brotam na minha escuridão
e escorrem
suando
em minhas mãos,
e se entregam ao papel
É como uma fonte que mina na rocha
querendo encontrar seu destino.


Henrique Rodrigues Soares

domingo, 4 de outubro de 2009

O acidente
















Pai!
naquela noite senti a tua importância
no momento em que parecia te perder
senti o meu espelho quebrar
Meu espelho tão frágil
mas, no fundo duro como uma pedra


Este teu gênio de granito de rocha
Este teus cabelos brancos
Este teu rosto, teu corpo envelhecido
pelas duras lutas da batalha vida
escondem um diamante. Tua alma.


Henrique Rodrigues Soares
Na Foto meu Pai José Henrique Soares.

Semente Embrionária















Minha mãe terra, meu pai agricultor
Arando com palavras belas e afáveis
o solo fértil
para receber as sementes


Semente embrionária
ali germinara
Em choro minha mãe me viu nascer
abrindo as portas do céu e do inferno para mim
Me dando calor no inverno
me guardando das dores geladas do mundo


Recebi dúvidas e incertezas como companhia
Andei, andei, andei...
e procurei, procurei, procurei...
por este mundo outro ser como eu
Então, te encontrei
Alguém melâncolico como a mim
Teu ódio parecia ser meu


Então você me roubou
neste mundo inseguro
Do meu coração
o sentimento mais puro
O sentimento que nasce, germina
e amadurece até cair de maduro.


Henrique Rodrigues Soares

sábado, 3 de outubro de 2009

O Escritor e seus Romances




















Ao escritor, o silêncio das palavras
é fúnebre, é triste,
e a máquina na mesa
congela ao frio do desuso


Calada
O iceberg quer o silêncio quebrado
Ela o instiga e o chama
criando um tumulto
Os personagens pulam, dançam e andam
no seu peito
Um terremoto, um maremoto,
um largo de chama que ferve e inflama
Querem criar vida própria
Querem a liberdade do seu criador


Então, elas gritam:
- Solte os grilhões que nos aprisiona
Nos liberte num livro
Deixa viver as páginas
qual nós pertencemos
Deixa-nos viver
para com o fim das estórias morrermos
E ressuscitaremos a cada leitura
de um leitor
que nos quer conhecer,
nos amar, nos odiar,
nos dar vida...


Henrique Rodrigues Soares

domingo, 27 de setembro de 2009

O Poeta


















O poeta
é uma faca de dois gumes
é a sinceridade teatral
é ouro, ao mesmo tempo estrume
é alegria e mórbido fatal


O poeta é humildade egoísta
é dor, é ferida
Escravo de sua sina
na arte fina
de escrever
...escrever
O que vê com o coração
O que vê com o estômago
e se alimenta com os olhos
...olhos
que descrevem
que imaginam
Visionários
que ocultam
Olhos sinceros que mentem


Henrique Rodrigues Soares

Dores Negras















Dor que trago no meu peito
e arrasta-me em pranto
Conduz-me ao sombrio leito
tirando meu encanto


Encanto que se apaga
desta vida insépida
Meu corpo naufraga
nesta vida céptica


II
Sou tormento para quem me ama
pois apenas na morte acredito
O resto é poeira e lama
de um sonho épico e esquecido


Me castigo cada instante
e gotas de compaixão cai sobre mim
Sou tristeza prestante
da vida espero o fim


III
Não lastimo das dores que já tive
Mas sim, as que ainda vou sentir
Porém, dor maior não há para quem vive
do que no auge da vida partir
As dores da vida são ferozes
mas nenhuma igual a morte precoce


IV
Ah! Lua como te invejo
Brilhas tanto! Brilhas tanto! Na solidão
E daqui te olho como um desamparado


Lua! Lua!
Queria ser como você
solitária sorrindo
Brilha como uma princesa
dando o mínimo de sua realeza
aos pobres mortais


V
Acordei, com dores no corpo
e na alma
E por isso
esses versos doloridos
chorando letras


VI
este fantasma nos assusta
com seu vulto repentino
como o fim de um destino
de dor tragédias e lutas


ele vem com sua armadura
crua, consumidora e inatíngivel
seus olhos uma luz invencível
corta as barreiras com argúcia
sua passadas são frias, são lentas,
são guerreiras de estrada.


Henrique Rodrigues Soares