domingo, 3 de janeiro de 2010
Palavras
A paz falsa encoberta por palavras
palavras que apaziguam, dignificam,
aquelas que lavam e purificam.
palavras que ficam e tu me encravas
escondidas, encarnadas, camufladas;
brandas, suaves, pesadas e macabras.
Sou um livro, um pergaminho
palavras nutrem minha alma
me dão esperança e calma
para voltar ao meu caminho
rumos negros como mim mesmo
só sei ferir-me próprio, a esmo.
Palavras nascem num riacho
rumarei onde forem elas
se por avenidas ou vielas
se em alto-mar ou em regato
andarei mais, andarei em terra
gritarei como bicho que berra.
Não me abra como a qualquer livro
sou encanto do mórbido... distante
não me queiras por mínimo instante
pois em fazer o mal, não me privo
não acredito em palavras... escrevo
tudo que com meu tato percebo.
Henrique Rodrigues Soares
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