domingo, 24 de janeiro de 2010
Super City
Volta Redonda dorme...
com seus sonhos de aço
Volta Redonda respira...
com seus pulmões de aço
este ar químico de progresso
Gigante de pernas de ferro
de braços de ferro
e coração de sangue
Teus operários alimentam tua força
sangue jorra por suas veias e artérias
Volta Redonda, acordou?
Volta Redonda não dorme
Apenas cochila pela noite
O gigante não pode fechar seus olhos
Eles iluminam o sonho de um país
Volta Redonda, super Volta Redonda
A cidade do aço
Um coração pulsa sem parar
e com isso
o seu ritmo
pesado e suave...
seu ritmo de aço
percorre por todo país.
Henrique Rodrigues Soares
Elegia ao Fluminense
Meu coração tricolor
que tanto de alegria e cor
hoje rima com dor
Tentei te esquecer...
Mas como um crime
que nossa consciência recorda
não consigo esconder
Sofro por nossas derrotas
Pois teu nome cravei
tuas cores amei
em meu consciente
Até morrer sou Fluminense!
Quando lembro de teu passado
e vejo teu presente
De campeão idolatrado
à torcida ausente
Me dói, como dói...
Ao lembrar do meu Maracanã
lotado, verde, vermelho e branco, lotado
Minha nobre humilde Laranjeiras
na Pinheiro Machado
Rostos de orgulho suas bandeiras
tremulando aos gritos de "Campeão!"
Vemos hoje o estádio vazio
os olhos tristes dos poucos torcedores
que pela paixão ainda vem te ver
Cadê o teu orgulho guerreiro?!
Cadê tua disciplina vitoriosa?!
Oh, Fluminense!
Cadê teu pavilhão de glórias?!
Que fez tantos fãs pelo Brasil
Mas, meu coração ainda sonha
e no teu verde esperança...
ponho a certeza de um novo amanhecer
Meus olhos, te acompanham
Pavilhão de tradição
não pode ser julgado em divisões
Os teus méritos são tuas cores
teus títulos e teus torcedores
Fênix de sangue encarnado
de raça, de paz e de força
Renascerá sobre nossos arqui-rivais
vascaínos, botafoguenses e urubus
Ave guerreira de três cores
Voltará brilhando no céu
que é o lugar onde nasce estrelas
e permanecem por toda eternidade
Fluminense!
Astro Rei
do futebol carioca.
Henrique Rodrigues Soares
Momento de Febre n°2
Não me esqueço
das noites que a tive nos meus braços
Teu perfume fluindo num abraço
Nas noites rápidas, curtas,
de horas profundas,
de caricias profundas,
de loucuras profundas
Teus lábios lírios que fecundam
na minha alma,
esta terra que brota
desespero e saudade
destas noites escuras
Em que apenas a luz dos teus olhos
me guiavam ao teu corpo
Oh, mar! que me afoga
Mar que leva meus sentimentos submersos
Mar voluptuoso
Deixa-me nadar na tua pele
buscando o teu seio
abrigo manso e suave
do medo e do mundo
Deixa-me por minha cabeça no teu regaço
És meu horizonte, meu espaço
E me afogarei na imensidão do teu corpo
e morrerei de matar minha sede.
Henrique Rodrigues Soares
A pureza dos teus óculos
caminhos tortuosos da mente
a verdade cruelmente fere e abate
preso pela sua imaturidade
somos como um caroço de abacate
imaturidade com inutilidade
falta de amor com crueldade
na floresta dos sentimentos
tudo se mistura
os ruídos da máquina selvagem
devoram a pureza das criancinhas
não há mais plantas vegetais
sim! apenas plantas industriais
não há mais animais
apenas cibernéticos orientais
não há mais pureza em teus olhos
há apenas um corrimento de remelas grudando tuas pálpebras.
Henrique Rodrigues Soares
A felina
Seus olhos brincam com a vida
O teu charme desabrocha pelos cantos
O teu riso é suave
malicioso e inocente
Palavras saem da tua boca como mel
Desta boca saborosa
que esconde encantos que até você desconhece
jeito de gatinha manhosa
felina que luta como leoa pelo que quer
nos teus olhos a certeza da vitória
esconde fragilidade aos inimigos.
Henrique Rodrigues Soares
O ventre grávido
os cavalos conversam no campo
as pessoas pastam suavemente sua preguiça
os cavalos galopam rumo ao desconhecido
os homens morrem na aniquilação
os cavalos se respeitam
os homens se mordem e se comem
os homens tem medo
estou grávido!
estou com medo!
do meu verme se perder
na floresta cibernética
e tornar-se homem
estou com medo!
estou a ponto de dar a luz
mais um verme rastejador
que se diz supremo
e incomparável aos outros animais.
Henrique Rodrigues Soares
Dependência
Olho a morena que passa
olhos vidrados na vidraça
vendo o seu caminhar
Cheia de toque, cheia de graça
levando amor, levando desgraça
no seu caminhar
Meus olhos de caça
esperam a presa
como uma armadilha
como quem se disfarça
Minhas mãos ficam nervosas
minhas mãos querem te tocar
me escondo nas palavras
me dissolvo frente ao teu olhar
Vivo cheio de rimas na boca
para te envolver, te enamorar
mas, apenas fico calado
olhando você passar.
Henrique Rodrigues Soares
Engarrafado para momentos especiais
Amanheço,... anoiteço dias, sem teu corpo perto de mim
Não sinto teu cheiro de nicotina e bebida passada
Minha alma agoniza tua incompreensão sobre nossos destinos
A tua relutância cheia de mimos
sobre o óbvio que se esconde nas lentes da paixão
A originalidade envelhecera e anda de muletas
A sociedade empobrecera nos deixando na sarjeta
Cadê nossas flores? Cadê nossos perfumes de boutiques?
Quem fechou nossas adegas?
Precisamos de todo o álcool possível.
Henrique Rodrigues Soares
Marca da Pantera
Te desejo pantera negra
noite de carnes vermelhas
te dilatarei, te espalharei no matadouro
Lençóis brancos mancham
teu sangue escorre no vento
as marcas de tuas garras ficaram em mim.
Henrique Rodrigues Soares
Verão
Quantas dúvidas neste mar, eu tenho
Quantos desejos neste mar, eu ponho
Oh, mar! Me deixe sentir a espuma dos teus lábios
Me acaricie, me adormeça no teu colo
Os dias estão secos e sem oxigênio
Venha me dar teu sangue e tua fúria
Libertem meus anseios e temores
e deixe-os perder na vastidão do teu finito corpo
Minhas mãos desconsoladas gritam
por tua pele serena e doce
Lágrimas brotam de meu corpo
para alimentar minha flor de verão.
Henrique Rodrigues Soares
Águias do Céu
De horizontes diferentes
caiem no mesmo ninho
Diferentes corpos
se jogam num mesmo caminho
Duas águias que voam
com sede
Olhos de sagacidade
Voam, voam,
com seus sonhos de liberdade
Mas, estão presas
uma a outra,
como um mesmo corpo
com um mesmo destino
O céu é tão grande e tão imenso
no seu azul celeste
Elas fogem, se distanciam,
uma da outra
Porém, não sabem
que seus vôos já foram traçados
Henrique Rodrigues Soares -
Aos meus primos Alexandre e Cristiane, quando eles nem sonhavam em se casar.
Parecia até profecia.
Isaque e Rebeca
Ao te ver tantas coisas pensei
Ao te conhecer tantas meditei
Ao te entender me compreendi
Das coisas sérias ao sorriso
De ser feliz um compromisso
Deus me trouxe você
Nasceste para mim sem saber
Esperaste por mim sem entender
O crivo das palavras
não valem mais que um pensamento
Tu recitas o que escrevo
Tu enxerga tudo que percebo
Reparti dentro de mim minhas partes
sem entender o que me faltava
Mas Deus me fez perfeito
Te criando minha metade.
Henrique Rodrigues Soares
A minha eterna Ozineida
domingo, 17 de janeiro de 2010
O Jogador de Futebol
Tu! Que calas as torcidas adversárias
Tu! Acende tua torcida
com tua garra, com tua força
com teus gols
Desliza nos gramados verdejantes
num ballet magistral
E neste teu mundo
de pequenos momentos
De vaias e de glórias
De títulos e derrotas
Tu! Vives intensamente
cada gota de segundo
cada estourada com o adversário
cada gol
Tu! Morre e renasce tantas vezes numa partida
Milhões te acompanham
no teu drible
Drible de deus, drible imortal
Seguidores da tua magia
olham boquiabertos
te imortalizando em seus cérebros
Bocas anciãos, bocas infantis
gritam teu nome
e lágrimas correm em seus olhos
como sinal de agradecimento.
Henrique Rodrigues Soares
Homenagem a Pelé o maior futebolista de todos os tempos
Copo de Vinho
Mulheres, mulheres
rostos irreais
espíritos inquietos
são corpos viciados
pelo desejo do domínio
dominam os homens
no que eles são mais fracos
a sede que seca
suas bocas
Afundo meus olhos
na cama
este oceano frio
sólido
minha vida passa
e vejo perfumes entrando e saindo
sem direção
sons diluem no orgasmo
Mulheres, mulheres
são vinho no copo
para me embebedar
como um bom Dionísio
as bebo como sangue para vida.
Henrique Rodrigues Soares
Ao meu filho adotivo
Anteontem, me fecundei
Ontem, engravidei
Hoje, te pari
Forte e robusto como a terra
Num vento repentino que ninguém espera
Nasceu meu filho como um fênix
no primeiro raio d'aurora
Não fui teu pai, nem tua mãe
Mas pude sentir as dores do teu parto
Num dia que tornou noite num mar tempestuoso
Do néctar dos deuses você nasceu
como um anjo cândido de olhinhos negros e assustados
Meu filho! este teu sorriso
é água que refresca minha boca
Não se surpreenda com a beleza do mundo
O mundo é fantástico, doce, amargo e desprezível
Como é doce brincar com você
viajar no mundo de balas e chocolates
Seremos loucos, seremos super homens
nos transformaremos em borboletas, passarinhos e em estrelas
No brilho da tua inocência meus olhos brilharão
Te protegerei das noites solitárias e dos janjões que a vida criará
E quando o medo brotar no teu peito
Dê um abraço forte no teu pai emprestado
E lembrei que serei teu amigo por toda tua vida.
Henrique Rodrigues Soares
Ao meu querido Douglas.
Se eu pudesse
Ah! Se eu pudesse
acariciar teu rosto
num silêncio absorto
num perder de consciência
Ah! Se eu pudesse
penetrar dentro dos teus olhos
Vê teus horizontes
dominar teus desejos
Ah! Se eu pudesse
beijar tua boca
escondido dos olhos alheios
E numa bruma suave
congelar teus seios
Ah! Se eu pudesse
Ah! Se eu pudesse
controlar meus anseios
colocando uns arreios
para os acalmar
Ah! Se eu pudesse
Se eu pudesse
Arrancaria teus olhos
e tornaria meus diamantes.
Henrique Rodrigues Soares
Descontrole Emocional
As migalhas são lançadas ao vento
As bocas caçam migalhas
Detritos de miséria suavizam nossa fome
Noites e mais noites apodrecidas pelo tédio
A minha vida não tem janelas
nem portas
é um corredor obscuro
sem esperanças e provisões
Flashes e mais flashes
alucinam meus olhos
com sua violência
com sua possessividade
com sua perversidade
E durmo minha cabeça
no teu colo maleável
e escondo meus sonhos
num desespero incontrolável
pela dor de perdê-los de minhas mãos
Minhas mãos não se mexem
Elas estão presas pela realidade
A realidade retira da vida os seus prazeres
E esta febre que contamina meus pensamentos
rompe as fontes lacrimais.
Henrique Rodrigues Soares
Pedras
Sou triste porque não tenho certezas
vivo noturnamente de dia
meus olhos embaçados de decepção
semblante de agonia
Um sorriso fatídico
uma lágrima enganosa
é tudo que tenho
Tenho também a morte
como única esperança
como meu horizonte
mas nem disso sou dono
Sou escravo do seu desejo
vivo esperando seu encontro
Flores amarelas
vidas amarelas
espero a morte biológica
pois sou como as pedras
sem vontade
com o destino incerto
paralisado
as vezes sendo chutado
sendo desgastado
pelas dores temporais
Me decomponho em pequenas partículas
até me tornar poeira.
Henrique Rodrigues Soares
O Pinguço
Naquele bar todos bebiam todos os dias
cachaça quente, cachaça fria
para esquecer as tristezas
para dar coragem a covardia
para abrir o apetite.
Um arder, um sorriso,
cachaça vitamina, cachaça feliz,
cachaça companheira, cachaça remédio,
cachaça destruidora, cachaça consoladora;
uns bebem como um costume
uns bebem como cerimônia
uns bebem como existência.
Ah! dose de cachaça
como tu dominas tuas garrafas.
Henrique Rodrigues Soares
Cérebro
comando das minhas funções
minhas loucuras insanas
massa cinzenta ufana
domínio das minhas debéis ações
mentor deste corpo inútil
individualista e produto
passivo, sem escrúpulos
filho de um mundo fútil
senhor, dono indomável
tão terrível e tão amável
não sabe ele, cativo
da máquina que criara.
Henrique Rodrigues Soares
sábado, 16 de janeiro de 2010
Mulher
Mulher que mata e que dar vida
o remédio ao mesmo tempo ferida
teus beijos são um laço
em que homem pobre fracasso
deleita sua essência sua alma
o teu lábio suave gosto de carne
teu andar solto livre e cheio de charme
é desprevenido cheio de calma
sabes olhos atentos te vigiam
não como donos mas como escravos
da tua beleza são iluminados
e os seus desejos em ti se criam
mulher! algumas puras recatas
outras liberais cultas
diamante de disputa
dos homens dominador
Henrique Rodrigues Soares
Espelho sem Reflexo
O estranho entra em tua casa
e te convida para cear em tua mesa
O estranho quer ser dono do teu sorriso, dono dos teus amigos,
dono da tua mulher e de tudo que é teu
O estranho te comove com desculpas e amabilidades
O estranho te compra com teu dinheiro
guardado para os pecados da cobiça
O estranho te persuade a amá-lo, a confiar nele
E com o tempo ele é tão igual a você
que você não se conhece.
Henrique Rodrigues Soares
Cheque Mate
Lúcido como
Unico
Instrumento de luz
Zelador das estrelas
Astro que dança
Loucamente
Entre abismos e céus;
Xamãs e deuses do Olimpo
Agasalha o espírito
Nativo
Das entranhas do
Raciocinio
Eterno.
Henrique Rodrigues Soares -
Ao meu amigo poeta Luiz Alexandre.
Pop Star
Criaram um pop star
daqueles que ficam na sala de estar
estampado em capas de revistas
comercial de marcas de cigarros e bebidas.
Encontraram um faminto bad boy
que tudo que está em sua frente destrói
encontraram drogas no seu apartamento
um verdadeiro prostíbulo para o divertimento.
Então mudaram a forma de vendê-lo
e a forma de usá-lo.
Henrique Rodrigues Soares
Voto Obrigatório
E se alguém pudesse, escolher?
entre tantos, algum!?
Pobre o povo que tanto lutou
pelo direito de votar.
Agora vota por obrigação.
Henrique Rodrigues Soares
Motorista de Ônibus
seus olhos acesos
seus ouvidos como cães
que guardam a noite
ele dirige o ônibus
o ronco do motor
os outros carros
os sinais de trânsito
os passageiros
com as delicadezas ou ignorâncias diárias
seu coração? seus nervos? seu corpo?
ninguém sabe como está
nem se preocupa em saber
pra quê? por quê?
aquela máquina
aquela bomba relógio
ele é carne? ele é ossos?
será que ele é humano?
-Não!
ele é apenas um motorista de ônibus.
Henrique Rodrigues Soares
Ao meu irmão Adelson.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Fimorte
do fim... descanso, desencanto,
dor, choro, nuvens de pranto
saudade... imagem que fica
da doce criança que brinca
brinca com os sentidos puros da vida
e sua inocência... virtude
que acalenta e cura a ferida
retornando a plenitude
a morte carne, a morte alma
são tão iguais e tão diferentes
súbitas, destrutivas... uma calma
de morte que contenta
torna-se sepultamento... presente
de que lhe ostenta.
Henrique Rodrigues Soares
Pré-história
Meu pai e minha mãe se olharam
um de uma esquina e outro de outra
se conheceram, namoraram, casaram,
sorriram, brincaram e se amaram
e daí, nove meses depois eu nasci.
Então veio os natais
e a escrita.
E assim começou minha história.
Henrique Rodrigues Soares
Amante Solitário
Esta minha alma sombria e errante
que habita na noite profunda
de saudade, preenche e inunda
a tristeza de um amargo amante.
Como era tão fútil, mas flamante
um amor brutal animal no cio
podia ver neste teus olhos vazios
este teu desejo fatigante.
E na morte que estou vivendo
solitário, obscuro... perdido
e nas lágrimas que vão descendo
vejo minha vida sem sentido
e nesta caminhada vou sofrendo
as últimas de um amor rompido.
Henrique Rodrigues Soares
A torta torta
Pessoas tortas
de cérebros tortos em vidas tortas.
Se entortam em tortos caminhos
procurando uma porta torta
com tortas esperanças atrás de casas tortas.
De tão tortos que são
não andam mais em pé.
Andam encurvados.
Pois o sol com seu olhar reto
vai na reta de suas frontes.
Henrique Rodrigues Soares
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Amor Distante
Nas noites de insônia, este teu vulto
que passeia como lembranças. Trago preso
sua beleza merecedora de culto.
Do seu amante que vaga indefeso.
E te espera com alma anelante
seja amanhã... Pela eternidade
Pois é crueldade para dois amantes
a distância de um amor. A saudade
Pois peço a Deus que no futuro
em vida, tua presença torne presente
pois minha ânsia. Ainda te procuro
E enquanto tu estiveres ausente
pois todo canto, teu canto procuro
esta saudade me corrói ardente.
Henrique Rodrigues Soares
Versos de Ocasião 2
Quero teu caule, tuas raízes
os cortes e as cicatrizes
Mas não me deixe sozinho
sou terra que não brota
nem flores, nem espinhos
Apenas árvores secas
que não servem de ninhos.
Pois meu amor
não deixa nada viver.
Palavras de amor
nascem no jardim
não sei se são flores
ou capim
de emails até teletrim
podem chegar.
Te olho em segredo
por detrás do vidro
como um doce derretido
melo meus dedos
Te olho com medo
de perder os meus sentidos
não ser teu querido
morrer no desejo.
Henrique Rodrigues Soares
O Rio
E este rio que jorra dentro de mim
que não sei do que é? de onde vem?
E lá vai o rio seguindo seu curso infinito
para os olhos de quem apenas o ver.
Rio fraco e pacifico
vezes forte e voraz
me consome por dentro
me renova por dentro
tem vida, tem morte
em suas correntezas
te vigio, te sinto
correr em minhas veias.
Henrique Rodrigues Soares
Vermes Apaixonados
Se me perco em palavras
se tropeço nas pernas
se tombo nas pedras
se vivo como uma larva...
é esta saudade que me limita
é ela que me nutre
como um abutre,
da podridão, da carniça, tiro o meu alimento.
Escapou-me o brilho dos teus olhos
que haviam cristalizado em minhas mãos.
Fugiu como águia
como uma melodia que nunca mais lembrarei.
Henrique Rodrigues Soares
O desencanto do crepúsculo
Caí a tarde, com ela o findar
de um dia de rostos tristes
de um dia de corpos volúveis sem nada esperar.
Vivo como uma prostituta
vendida ao mundo por alguns trocados
e quando chega a noite
junto-me aos vermes
na sua inadiplicência divina
As folhas caíram com o entardecer
A noite é teu afã
O fado da morte
voltará para ti com rosto choroso
Saudades!
Sentimento firmado na terra caroável e absurda
dos que ficam
Sou invulnerável ao amor
Sou uma carteira seca no bolso
Sou marcas e feridas
deixados pelo tempo e o mundo.
Henrique Rodrigues Soares
Adoradores do sexo
Um quarto, uma cama
dois corpos unidos pela carne, pelo sangue,
pelos odores, pelos suores, pelos desejos
hormônios agitam
e dançam num frenesi infernal
seus corações ocos
empurram suas ilusões
sem país, sem endereços,
sem contratos ou considerações,
as ruas do sangue
com seu intenso calor
dominam os corpos
esses corpos ardem
pela posse do outro
esses disfarces, essas fantasias
não escondem a decepção
pois quando acordam
se sentem sujos,
vazios,
fracos
seus rostos tristes
vislumbram uma conquista momentânea
pois ninguém é de ninguém.
Henrique Rodrigues Soares
O Abismo
Estou suando?
Estou fervendo?
Cadê a água que transpira na pele?
O rio de dúvidas continua
rompendo por terras desconhecidas
Cadê minha bravura?
Cadê minha força? minha loucura?
Ela desmancha na tarde fria
Nossos corpos não se amam
Eu te amei!
Você me coagulou, sou um doente
Meu antígeno depende do teu anticorpo
Mas você não quer me dar do teu sangue
Oh! minha dor
Eu te cheiro, eu te possuo
com toda sua tristeza
com toda sua pureza
Teu frio me corta, me morde,
me sangra, me sufoca
e me faz suar
toda esta maldade que há dentro de mim.
Henrique Rodrigues Soares
Versos de Ocasião
Das ruínas de meu coração
posso construir minha prisão
e dos restos que sobraram
minha constelação
Do mal que extraí de tua urina
da seiva que sai de teus seios
de minhas lágrimas e meus anseios
posso criar meu oceano de perdição
Sou vento
sem canto
e canto
meu canto
por todo lugar
Não quero
falar do que perdi
pois senti
sofri
amei
chorei
por todo lugar
Que pena!
Meus olhos pobres apenas vêem
corpos que naufragam sem socorro
na noite vertical.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 10 de janeiro de 2010
A Cura
Minha alma etérea, triste, sombria
como a noite estelar que me inunda
que o silêncio é tanto que perturba
virgem do sorriso e da alegria.
Nenhum dinheiro no mundo compraria
o brilho dos meus olhos neste instante
nenhum ouro, petroléo ou diamante
nem flores, outros amores, nem magia.
Apenas tu, com esta pele em calor
exalando sentimento em fragância
curando assim, este maldito tumor
que me atormenta desde a infância.
Henrique Rodrigues Soares
Poema para uma menina levada
Uma rosa se abriu
e seu perfume me encantou
Uma semente jogada
na terra fértil brotou
Vejo um coração jorrando sangue
impulsionando desejos pelo chão
Vejo olhos derramando um no outro
doce lágrimas de paixão
Minha dor, minha flor
Teu corpo me atrai
me distrai
me contrai
me extrai
combustão
Quero teu corpo, teu perfume,
teu calor , tua respiração.
Quero teu caule, folha e fruto
tua raiz fecundada na minha terra.
Quero este teu olhar assassino e seco
Quero estes teus dedos suaves
acariciando meu corpo
navegando meu espírito
Quero tua suavidade, teus espinhos
Na tua boca um caminho
de inspiração.
Henrique Rodrigues Soares
Última Dose
O frio letárgico desta noite
penetra em meu corpo
As cores opacas desta noite
penetram em meu corpo
A indecisão oscila nos meus olhos
e clama por um chão em que possa se deitar
O silêncio mudo da escuridão
Meus braços, minhas pernas
presos estão no frio do medo
Congelou-se os meus ossos
Não consigo movimentar, não consigo decidir
Sou minha cela, minha própria algema
A vida não me fascina
É apenas uma construção podre
sem entrada e sem saída
Senhor!
Senhor!
Não tenho mais fé em nada
Então peço perdão
por odiar a vida
e a sua validade
E que meus olhos encham de lágrimas
e num perdão fantástico
Tu venha enxugar meus olhos.
Henrique Rodrigues Soares
Homem 100 limites de limitações
A
Cansado
Insatisfeito
Neurótico
Condenado ao
Ostracismo
Sexo pelo
Estado
Glória nos
Uniformes do
Narcotráfico, nossos
Dominadores
Ordenam o
Suícidio em massa
pra morrer.
Henrique Rodrigues Soares
Momento de Febre
A rua com seus perfumes
sabores e cores
A vida misteriosa, ativa,
imperfeita e cheia de dores
Os pássaros cantando
Os lírios brotando
no meu coração.
Não sei, não sei...
Se estou triste, se estou alegre,
se estou perdido, se estou sofrendo.
Apenas sei, que estou amando.
Henrique Rodrigues Soares
A História da Sociedade
O ser humano
na sua primitiva essência
andava sem rumo
solitário e nômade.
Teve uma ideia!
Criou uma cidade
e procurou viver com seu semelhante.
E assim se criou
a inveja, e a ganância,
o dinheiro, o ódio,
as armas, a pólvora,
o medo e a guerra.
Henrique Rodrigues Soares
A Puta
Naquele dia Maria
saiu se entregando ao amor ( dizem ser amor )
E amou os homens
com um amor intenso e febril
Amava tanto!
Amou José, amou Manuel,
amou Severino, amou João,
amou Antônio, amou Simão...
Amou tanto
que morreu sem amor
de ninguém.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 3 de janeiro de 2010
Palavras
A paz falsa encoberta por palavras
palavras que apaziguam, dignificam,
aquelas que lavam e purificam.
palavras que ficam e tu me encravas
escondidas, encarnadas, camufladas;
brandas, suaves, pesadas e macabras.
Sou um livro, um pergaminho
palavras nutrem minha alma
me dão esperança e calma
para voltar ao meu caminho
rumos negros como mim mesmo
só sei ferir-me próprio, a esmo.
Palavras nascem num riacho
rumarei onde forem elas
se por avenidas ou vielas
se em alto-mar ou em regato
andarei mais, andarei em terra
gritarei como bicho que berra.
Não me abra como a qualquer livro
sou encanto do mórbido... distante
não me queiras por mínimo instante
pois em fazer o mal, não me privo
não acredito em palavras... escrevo
tudo que com meu tato percebo.
Henrique Rodrigues Soares
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