domingo, 28 de março de 2010
Sociedade
O mundo com tantas pessoas
aglutinadas em sociedades.
Sociedades de todos os gostos,
de todos os tipos, algumas até secretas.
Tão desejos em comum.
Tantas coisas em comum.
O dia a dia não tem personalidade.
Indivíduos e mais indivíduos
se atravessam com seus rostos
tão maquiados e sem identidade.
O vaivém das avenidas...
Um trânsito de perdidos e ausentes
numa antropologia pré-histórica.
O homem atual é tão egoísta
como do passado
buscando satisfazer a sua gula
de saber, de comer, de se entorpecer.
Entorpecer é um verbo bem atual.
Pois todos estão entorpecidos de alguma coisa.
Estou no meio de um mundo
cercado de gentes e até indigentes...
mas não consigo me comunicar...
não consigo me expressar...
estou sozinho com toda escuridão
dos indiferentes... dos diferentes...
O mundo e suas línguas,
dialetos e sotaques.
Falamos muito sem sermos entendidos.
Linguagem verbal e os símbolos,
o conhecimento e os signos,
as vestes e os costumes
que ditam nossa tribo
e ao mesmo tempo toda nossa esquisitice.
Falei de tantos lugares comuns.
E continuo sozinho.
Tenho amigos, tenho amores.
Tenho os que me servem.
Tenho os senhores,...
e não tenho nada...
Apenas uma solidão crua e concreta.
Henrique Rodrigues Soares
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