terça-feira, 23 de março de 2010
Os Cleptomaníacos
Cadê meus heróis branquelos e fracos
tão frascos, que viraram pó
Cadê nossos monarcas inúteis e apáticos
tão insensatos, suas cabeças dando nó
Cadê nosso amor sorumbático
que no Mar Báltico se dissolveu
Cadê nosso sonho estático
tão fático que morreu
Cadê nossos paladinos armados
tão obcecados por matar
Cadê o pó batido e inalado
compenetrado, p'ra te endireitar
Teus direitos são pecados
captados, pelo desejo de errar
A propaganda tem te aniquilado
você tem comprado tudo que ela falar
Não iluda, não engane
deixe a pedra rolar
Não minta, não ame
deixe de profanar
Cadê teus deuses indolentes
inconsequentes, que te deixam naufragar
Cadê teus detergentes
impotentes, que te querem limpar
Cadê teus amigos influentes
rios fluentes p'ra você navegar
Cadê teus remédios doentes
usados frequentemente p'ra morte agravar
Cadê seu povo fantoche
falo sem deboche, pois não consigo enxergar
Cadê aquele teu broche
desabroche o orgulho no teu olhar
de ser mais um hipnotizado
inutilizado biologicamente em conservação
espécie extinta
faminta por percepção
De preto e branco
hoje televisores são às cores
Beijos técnicos
traições indolores
O amor é feito de tranquilizantes
e buquet de flores.
Henrique Rodrigues Soares
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