domingo, 31 de outubro de 2010

Prisioneiro da Solidão




















Sem chances sem palavras
Uma solidão branca devassa domina meu coração
Tudo anda em círculos
da obra prima a matéria bruta
tudo se compõe e decompõe em grãos


Os ditadores esquizofrênicos
os D. Juans amargos
os baús trancados
pelo passado sem chaves
nunca mais usados por ninguém


Os sonhos são ousados
mas a perdição é inconsciente
A vida um recipiente
onde alegria e tristeza disputam lugar


Amar é entregar
ao convívio das ilusões
Desejar é querer
domar o touro pelos chifres
O egoísmo transforma o coração
num oceano de solidão


Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas

sábado, 30 de outubro de 2010

El Pibe de Oro
















Como verei futebol sem ver Maradona.
Cadê o craque argentino?
Futebol de gigante... tamanho de menino!


O que será de nós? Pobres mortais!
Sem vê-lo com a camisa azul e branca de seu país
O gramado que fora pisado por seus mágicos pés
A bola que acariciada foi por seus toques sensuais...
hoje choram de saudade por aquele craque do Boca
que calou tantas bocas...
e acendeu outras de alegria


Ah, Napolitanos!
Quanta tristeza vela em seus corações
Ah, Castelhanos!
Guardem em teus olhos as visões
do menino demônio
que conquistou o mundo com o dom do futebol.
Tão feroz como um furacão passou
Com o talento magnífico nos encantou
Maldito foi, os caminhos de seu coração


De deus, agora vida de mortal
num tango sem carnaval
passos de tristeza e dor.
A Argentina, o Mundo,
viu o martírio num lento suicídio
do herdeiro castelhano
de Pelé e Garrincha.


Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas

domingo, 24 de outubro de 2010

Meditações sobre Vida e Morte
















os distúrbios mentais
os licores carnais
o descanso da tarde
o nascer da madre
respirando o ar matinal
o receber noturno
com o desespero do infortúnio


o veneno guardado no bolso
o egoísmo que não ouço, que não ouso falar
os temores, os dissabores, os rancores
colhidos no coração
são de uma safra sem perdão
são uma sombra sem salvação


mas todos querem viver
nem que sejam com as bocas caladas
com o riso das ciladas
em suas faces
as células aventureiras gritam pela ação
enquanto a morte quer nos aleijar na solidão


o vento envelhece seus sonhos diuréticos
quase caquéticos
seus desejos dietéticos
seus ideais comprados em liquidação


o vento liberta
seu ódio encarcerado
seu medo doutrinado
cheio de observação


Henrique Rodrigues Soares - A Natureza das Coisas

Pelé




















Mil novecentos e quarenta foi o ano
Vinte três de outubro foi o dia
Em que o futebol da magia
Concebeu seu soberano.


Nas Minas um negro diamante
No berço das Três Corações
Seu brilho de chuteiras e calções
De Bauru ainda infante


Partiu para o mundo com uma camisa
Branca que dominava adversários
Podia ser como tufão ou como brisa
A Vila Formosa foi o maior cenário


De uma poesia estonteante
Dribles magníficos e desconcertantes
Pobres dos goleiros já previam
O que seus torcedores já sabiam.


Maestro da bola, tenor do pé,
Embaixador do encanto, isto é Pelé.
Gols, mil duzentos e setenta nove
De uma objetividade nobre.


As imagens da nossa seleção
Camisa dez sem comparação
De uma nação de brasileiros
Orgulhosos, e sem nação.


Com a camisa canarinho
Até em campos sem lei
O futebol sozinho
Escolheu seu Rei.


Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Falta de fé














Não quero um brilho triste e fosco
Quero lágrimas brotando no rosto
como quem espera um novo alvorecer
um calor no corpo para se aquecer


Áspera e quente é a paixão
que queima e machuca
a noite chega como uma bruxa
linda, bela, cheia de encantação


E quando vai embora, maluca!
deixa-nos em devastação
Amor, cinzas de um caixão
é o vento! é o sol! é a chuva!


Resíduos de conversa criam uma guerra
soldados andam patrocinados pelo sangue
carregando pólvora em seus tanques
a busca de estrelas em outras terras


Teus crimes são infantis
diante do mau que ronda o mundo
são um câncer denso e profundo
procurando um mártir.


Henrique Rodrigues Soares

domingo, 17 de outubro de 2010

Corredor da Vida



















Gritos de dor me sufocam
Uma dor que arde no peito
Destas sem descanso sem leito para dormir


O curto silêncio vive dúvidas... ansiedades
que podem durar instantes
que podem está ainda distantes


O aroma do tempo santo
voa sobre nossas narinas
Não há nenhuma aspirina
que vá controlar minha dor


Desta prisão buscou liberdade
mas apenas de cela mudaste
Pois nunca haverá sol nem lua
sem que você abra seus olhos.


Henrique Rodrigues Soares