sábado, 31 de outubro de 2009
El Pibe de Oro
Como verei futebol sem ver Maradona.
Cadê o craque argentino?
Futebol de gigante... tamanho de menino!
O que será de nós? Pobres mortais!
Sem vê-lo com a camisa azul e branca de seu país
O gramado que fora pisado por seus mágicos pés
A bola que acariciada foi por seus toques sensuais...
hoje choram de saudade por aquele craque do Boca
que calou tantas bocas...
e acendeu outras de alegria
Ah, Napolitanos!
Quanta tristeza vela em seus corações
Ah, Castelhanos!
Guardem em teus olhos as visões
do menino demônio
que conquistou o mundo com o dom do futebol.
Tão feroz como um furacão passou
Com o talento magnífico nos encantou
Maldito foi, os caminhos de seu coração
De deus, agora vida de mortal
num tango sem carnaval
passos de tristeza e dor.
A Argentina, o Mundo,
viu o martírio num lento suícidio
do herdeiro castelhano
de Pelé e Garrincha.
Henrique Rodrigues Soares
Homenagem a Maradona herdeiro hermano do futebol brasileiro que fez aniversário no dia 30 de outubro.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Um País
Antes, quem me dera
todo dia virasse fera
nessa esfera terrestre
Não há nada que preste
Só o caos se repete
E este sorriso de confete
gravado no rosto
O antigo foi deposto
Pra que o novo no encosto
com seus passos cheio de mosto
venha nos libertar
As marchas vão marchar
sem leito para descansar
sem provisões e previsões para sonhar
Cadê as bandeiras?
De fortes encheu tuas fileiras
De morte tua veste guerreira
Transformou em esteiras
para transportar...
Tuas palavras de "Ordem e Progresso"
II
Teus líderes vampiros
enfeitados entre suspiros
defendido por seus tiros infantis
Teu orgulho de anis
Teu espírito de matiz
Com uma vitória de verniz
para comemorar
É tanta terra, é tanto mar
Mas teus filhos não tem lar
Cadê a farinha pra amassar
o pão que o diabo velou
Há tanto pranto que a fome calou
tanta esperança, tanto amor
tanto sangue, tanta dor
nesses micróbios que te louvam...
O grande pátria inexistente!
Henrique Rodrigues Soares
Rosa de Sarín
Vida que me foge...
Sangue meu que escorre...
Quando verei de novo
o sol nascer?
Quando teus raios
voltarão a me aquecer?
Tenho esperado por você
minha manhã de alegria
A madrugada é longa
tem durado noites e dias
Não fujas de mim
estanque meu sangue
socorra minhas lágrimas
enxugue minha solidão
Há dias que penso em você
Há noites que penso em você
E estes pensamentos
refrigeram meu coração
Te trago nos meus olhos
Te trago em meu peito
O meu sol não quer ocaso
Quer sempre o dia perfeito.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 25 de outubro de 2009
Momento de Poesia
Arranquei-lhe um beijo
como se arranca uma esperança
dessas que se planta, rega, nasce e suplanta
Seus olhos arregalados me devoraram num susto profundo
Tão profundo quanto o beijo que lhe roubei
E minha língua roçando sua língua
seu estômago, seu pulmão, seu corpo, sua alma
E em pouco tempo nos tornamos nuvens
nuvens carregadas de poesia
Choveu poesia em nossos corpos
e nossos corpos suaram poesia
e quando acabou a poesia
A vida voltou ao mesmo inferno.
Henrique Rodrigues Soares
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Pecado
Te sinto por perto
cercando o puro da alma
quebrando momentos de calma
com um mover inquieto.
Parece que tudo está quieto
mas teus passos são ardilosos
aos nossos olhos e carne saborosos
no inicio oculto, encoberto.
Quando contaminas, descoberto
sua pústula que apodrece
câncer, lepra que enlouquece.
Espalhas, sem ser contido
e do profundo mar escondido,
para vergonha aparece submerso.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Sonhando Acordado
Dormir... dos sonhos é a fonte
que não pára de jorrar
e do cansaço é a ponte
para quem quer descansar.
Quem vive de sonhos... loucura
se torna a explicação
dinheiro, riquezas, fartura,
castelos de ilusão.
Acordar... torna-se amargura
para quem na vida tem que lutar
a vida real torna-se dura
quem na vida não pode sonhar,
A muitos que sonham passado
pois não pode se libertar
deste pesadelo fardado
que os conseguiu escravizar.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 18 de outubro de 2009
Velhice
As horas passam rapidamente
Não posso controlar
Meus cabelos brancos
Meu rosto enrugado
Minha mente aguardando o sinal verde
Pois o caminho está aberto
Desde que abri a porta.
Henrique Rodrigues Soares
sábado, 17 de outubro de 2009
As Mãos
As mãos descem com a noite
num oceano de dúvidas
Se aprofundam no egoísmo de possuir
Bocas se perdem
num inefável encontro
Tua saliva, teu gosto,
teu desgosto da vida
em que vagas como uma sombra
O vento acaricia teu rosto
Meus olhos acariciam teu corpo
e me penduro no teu pescoço
com meus sonhos e meu desespero
As mãos se mexem
Ficam distantes
Se unem (porém ainda distantes do teu corpo)
Suam um suor delirante, exaustivo
Uma noite fria
e na tua pele uma tempestade fluiu
Todo sim, não e talvez
que o mundo pode te dar
te comoveu
num frio ar de tristeza.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
O Amante da Velocidade
Veloz como um pássaro.
Veloz como um supersônico.
A cada curva uma aventura.
A cada volta uma luta
contra a morte
contra o incompreensível
contra o inatingível.
Inatingível? Para muitos,
menos para você.
Recebeste o dom da velocidade,
o dom de centésimos... milésimos...
Volante indomável.
Hermes solitário.
The Flash brasileiro.
Tão brasileiro que nos comoveste
a nos vestirmos de um orgulho nacional,
que tantas vezes ficava perdido
nos armários do emocional.
Viveu, correu, correu, viveu...
morreu... em alta velocidade
naquela curva que calou um país,
toda uma nação.
Os roncos dos motores
nunca mais serão os mesmos.
As manhãs de domingo
nunca mais serão as mesmas.
As grandes vitórias, os grandes recordes,
o teu show pela chuva
nunca mais veremos.
Saístes das telas e dos autódromos
corre agora em nossas veias
em nossos pensamentos.
Então, nesta saudade choramos
rápido demais foi-se o nosso campeão.
Henrique Rodrigues Soares - 01/05/1994
Uma homenagem ao eterno Ayrton Senna do Brasil
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
A Infância
Quando era criança queria ser grande
Quando se é grande quer ser pequeno
Ainda me lembro de quando menino
apenas sonhava
Pesadelo é coisa de homem barbado.
Dirigia ônibus, era médico, matava ladrões,
governava o mundo, salvava as pessoas,
até podia ser um bom vilão.
Morria de brincadeirinha
quando se cresce vê que a morte não é brincadeira
Vivia de brincadeirinha
o mundo era um pequeno brinquedo
que minha inocência dominava.
Então cresci, e me perdi
pois o mundo tornou-se grande demais para mim
Quanto mais cresci
menor me tornei diante do mundo.
Meu coração virou um pequeno brinquedo
na mão de crianças más
então tudo aconteceu naturalmente
o ônibus me atropelou, o médico me maltratou,
fui acuado e dominado
não salvei nem a mim mesmo.
E o bom vilão?
Ah! esse me matou.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 11 de outubro de 2009
Desejos sensuais da Noite
No acordar, no nascer da volúpia
ansioso pelo ópio do corpo
envolvente, transeunte, dominador
vejo me entregar
Se espero, é por momento mais sincero
por algo devolvido
em troca do proibido
que despercebido minha boca tocara
Os encantos, o cheiro do desejo
o crime que não se percebe
o mal que não se concebe
está dentro de nós
De pecados santos
encheu-se meu coração
as línguas numa guerra
de espaços
lutam e se abraçam em laços
de sangue, carne e ossos.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Poética
Não faço versos
Eles apenas brotam na minha escuridão
e escorrem
suando
em minhas mãos,
e se entregam ao papel
É como uma fonte que mina na rocha
querendo encontrar seu destino.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 4 de outubro de 2009
O acidente
Pai!
naquela noite senti a tua importância
no momento em que parecia te perder
senti o meu espelho quebrar
Meu espelho tão frágil
mas, no fundo duro como uma pedra
Este teu gênio de granito de rocha
Este teus cabelos brancos
Este teu rosto, teu corpo envelhecido
pelas duras lutas da batalha vida
escondem um diamante. Tua alma.
Henrique Rodrigues Soares
Na Foto meu Pai José Henrique Soares.
Semente Embrionária
Minha mãe terra, meu pai agricultor
Arando com palavras belas e afáveis
o solo fértil
para receber as sementes
Semente embrionária
ali germinara
Em choro minha mãe me viu nascer
abrindo as portas do céu e do inferno para mim
Me dando calor no inverno
me guardando das dores geladas do mundo
Recebi dúvidas e incertezas como companhia
Andei, andei, andei...
e procurei, procurei, procurei...
por este mundo outro ser como eu
Então, te encontrei
Alguém melâncolico como a mim
Teu ódio parecia ser meu
Então você me roubou
neste mundo inseguro
Do meu coração
o sentimento mais puro
O sentimento que nasce, germina
e amadurece até cair de maduro.
Henrique Rodrigues Soares
sábado, 3 de outubro de 2009
O Escritor e seus Romances
Ao escritor, o silêncio das palavras
é fúnebre, é triste,
e a máquina na mesa
congela ao frio do desuso
Calada
O iceberg quer o silêncio quebrado
Ela o instiga e o chama
criando um tumulto
Os personagens pulam, dançam e andam
no seu peito
Um terremoto, um maremoto,
um largo de chama que ferve e inflama
Querem criar vida própria
Querem a liberdade do seu criador
Então, elas gritam:
- Solte os grilhões que nos aprisiona
Nos liberte num livro
Deixa viver as páginas
qual nós pertencemos
Deixa-nos viver
para com o fim das estórias morrermos
E ressuscitaremos a cada leitura
de um leitor
que nos quer conhecer,
nos amar, nos odiar,
nos dar vida...
Henrique Rodrigues Soares
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