sábado, 29 de maio de 2010
Nocturnos de Chopin
Ouça bem os teus ouvidos
Radiante o som dos nocturnos
Chopin, iluminando o escuro
Das almas dos vivos
Teologicamente surpreendido
Pelas pegadas do fortúnio
Um verso claro e puro
É disto que preciso
Os desejos são encardidos
Empoeirados pelo infortúnio
Cheios de concertinas e muros
Com placas de avisos
Que tudo é proibido
E sonhar é confuso
E viver inseguro
E amar é perdido.
Henrique Rodrigues Soares
domingo, 23 de maio de 2010
Um sorriso na escuridão
Acenda teu cigarro de palha
O fumo na navalha
se corta e espalha
Por dentro, o barro
Por dentro, o bravo
nos comove
nos locomove
sem direção
sem salvação
A solidão de teu corpo
me ama, me beija, me deseja
como uma necessidade vulgar
Como pode se amar?!
Sem se enganar?!
Como pode se enterrar?!
Vivo, simplesmente vivo?!
Um sorriso na escuridão
convertido pelo vinho
Uma lágrima no copo
procurando um caminho
Uma tempestade despertada
pelo nascer de um espinho
Jogue teu cigarro fora
O amor foi embora
O cheiro da chuva
exala pelos corpos
A realidade te assusta
como um véu branco
Jogue teu cigarro fora
pois tua boca está queimada
esta fumaça tem morte... tem fuga...
Dê adeus pela vidraça.
Henrique Rodrigues Soares
Canção do Sexo
O coração, uma bomba pulsante
diante do hálito da carne
Radiante, se esconde
no crepúsculo da tarde
Os olhares insinuantes
a boca que arde
o sexo clamante
disfarçado de charme
A existência distante
da existência de Sartre
O fluir de instantes
do verso Verlaine
Como a música errante
caminhas para Marte
Corpos exultantes
objetos de arte.
Henrique Rodrigues Soares
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Reflexões de um pileque
Um rio de lama joga pra fora
a ignorância hipotecada de nossos avós
a África embutida dentro de nós
os judas, os medos,
os sonhos, os segredos
que há dentro de mim e você
Sou o Benjamim da tua casa
Sou da borboleta a larva
que aspirou a ser jasmim
Respiro do inicio ao fim
todo esse sangue de rara beleza
todo esse ar de puro esperteza
todo esse nada que nada acreditei
Um rio de lágrimas nasceu no meu rosto
Fonte de água mineral, minha gordura vegetal
que derrete e vira sal, tempero para o meu Carnaval
Então grande chuva caiu
Então a alegria fugiu
como um covarde dizendo que era tarde para viver
Então aranhas começaram tecer
minha sepultura.
Henrique Rodrigues Soares
O Homem Povo
Vejo o andar pesado de um povo
Andar humilde que abraça
Anda que figura em todas praças
É água nascente em qualquer poço
Garoto, velho e moço
Grito ardido no peito
Nunca cantares o teu feito
Pois nasceu e morreu povo
De andar na terra estava cansado
Das auroras e dos porvir
Por isso teve que partir
Para o mundo do outro lado
Sinto agora tua falta
Homem povo que foi embora
No andar lento de porvir e auroras
Astro eterno da ribalta.
Henrique Rodrigues Soares
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