sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Fé Insistente
Quando os dissabores são uma constante
E já respiras nos ares comprimidos da demência
Despido está, de tudo que fora aparência.
Afastado está, de tudo que julgas importante.
Já não choras... Lágrimas distantes
O coração baldio de eloqüência
Dividido em pedaços da divergência
Esmiuçado pelo existir recalcitrante
Em que se apegar numa fé insistente
Limiar entre o se expor ou ficar no conforto
Entre lutar ou aceitar está morto
Esperanças no teu olhar resistente
Que na bravura que encardia
Acredita em melhores dias.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Homenagem para o Grande Armando Giesta - Young Flu - Uma Paixão em Torcida
Os teus guerreiros marcham pela pista.
Vitórias e adversidades, nosso ritmo, punho colado.
As tuas concentrações
com teus cantos de paixão
e teu alarido de guerra.
O mar branco na arquibancada predomina.
O Flu me domina...
As camisas que parecem couraças ou peles.
As nossas cores abrilhantam qualquer estádio.
Gritamos Young Flu até morrer!
Meu coração é envolvido
com a batida da nossa bateria
que incendeia minhas veias.
Meus olhos transbordam
diante de nossas bandeiras.
Estandartes de uma comunhão,
Fluminense e sua torcida.
"Quem fala de nós não sabe o que diz"
Armando,o que fizeste conosco
quando ajuntaste este povo
e criaste esta paixão.
Henrique Rodrigues Soares
Foto de Armando Giesta, fundador desta paixão.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
O que é a Verdade?
Estamos perdidos ao encontrar tantas verdades
Que nos explicam tudo sem autenticidade
Nas ruínas de um racionalismo desconhecido
Caminhamos para um futuro indefinido.
No escrutínio de oráculos das deidades
Nas verdades fabricadas por entidades
Continuo sem saber por que fui concebido
Para onde vou quando falecido
Respostas filosóficas que não formam identidade
Certezas teológicas que não suprem necessidades
O que é real? No que acredito? No que tenho crido?
Alegoria platônica, vida de sombras e obscuridade.
Fantasias, códigos, sinais! Acordado ou adormecido?
Livre ou escravo? Insano ou submetido?
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Deus
Confesso, que por instantes
Duvidei de tua existência.
Viajei por teorias distantes
Fugindo de ti com insistência.
O dono de si, perdido, foi constante
Tentando contra ti toda minha resistência.
Preso entre os escombros
De um tempo de sombras
Caindo em vários tombos
Coração explosivo, uma bomba.
Procurando vozes estranhas
E um universo de respostas.
Absorvendo química nas entranhas
E o descaso de quem pouca importa.
Ao fugir desta total presença
Onde dos teus olhos me esconder?
Entender... que não há ausência
Para teu eterno poder.
“Teu julgo é suave
E teu fardo é leve”
Eu preso nos encraves
Das preocupações tão breves.
Quero está com espírito imerso
Pelo mar de calmaria
Ao te adorar em versos
Orando como poesia.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
terça-feira, 24 de maio de 2011
Felicidade
Deixei amores no passado
Sabores que não foram degustados
Este instante me custa tão caro
Como um diamante raro.
Não choro pelo que foi embora
Culpas ou tristezas agora
Semeio sim, a alegria de outrora
De ficar para sentir estas horas.
Ontem, é tão longe como saudade
Hoje, daqui a pouco vira antiguidade
Quero flores e sorrisos no meu jardim.
Retirei os espinhos, mas deixe o capim
Para concentrar o desabrochar da beleza
Foram escolhas caminhos para certeza.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
sábado, 23 de abril de 2011
Romance
Com olhos tristes e contemplantes
Buscando no ar seco e estagnado
Cristalizar... Fotografar o instante
E guardar nos bolsos do passado.
O corpo escapa ao alcance
De mãos e de sonhos
Escrevo um breve romance
De destinos estranhos
No desfiladeiro de intranqüilas curvas
Com a visão envelhecida e turva
Preciso aperfeiçoar meu tato
Em breves... Poucas palavras
Páginas quentes de letras brasas
Vive um mundo intacto.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
domingo, 10 de abril de 2011
Coisas que não se falam
Amei tantos corpos
Que não são meus
Amei tantos sonhos
Que não me pertencem
Vivi tantas vidas
Que não são minhas
Sempre buscando
O que eu não sabia
Mas o que quero
E sei que me pertence
Os enganos tive que engolir
Sem deixar marcas do que fugi
E as flores me provocaram um medo
De segurança... De paz...
Daquilo que se perde
Apenas com esmigalhar da vida
Que espera o corpo secar
Do último vestígio de bebida
Para ser levado pela morte
O medo do desperdício
Me atribula
Com o som louco
Solitário
Da noite
Que incendeia meu corpo
Esperando um sinal de amor sincero
E pleno.
Henrique Rodrigues Soares – Romaria Lírica
segunda-feira, 28 de março de 2011
Dom Casmurro
Se teu olhar te traiu
Na busca do que foi perdido
O semblante sólido agora caiu
Quebrando o disfarce antigo
Atores de um silencioso teatro
Com movimentos e diálogos ensaiados
Durmo e acordo com o abstrato
Gentileza e sorrisos mimados
As cenas com que foi ludibriado
São perfeitas aos olhos apaixonados
Doce visão para um enganado
Que se converteu num ódio enciumado.
O que era desconfiança virou realidade
Qualidades, gordura enfeitada de confeitos.
Que esconde o integro sabor da interioridade
Diante destes olhos agora são defeitos.
O que era incerto virou certo
Visão esclarecida da verdade
O encantado jardim virou deserto
O amor fiel virou maldade.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Preciso Amar!
Preciso novamente amar...
Amar com versos esquecidos
Preciso encontrar aquele olhar
Antigo e adormecido.
Amar de corpos aquecidos
De suor e odores atrevidos
Beijar perdendo os sentidos
Os limites e a libido.
Preciso novamente amar...
Amar como proibido
Saqueando e sendo perseguido
Comendo e sendo comido
Um lutar e ser vencido.
Amar como enlouquecido
Mar bravio que não pode ser contido
Perdendo respeito pelo temido
Num se pegar que nos deixa combalido.
Preciso Amar... Preciso Amar...
Ressuscitando a pegada do que foi falecido
Reanimando os beijos que estão adoecidos
Reatando os votos prometidos.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
domingo, 23 de janeiro de 2011
Morte
Alguns dias acordamos cansados
Fadigados e extenuados de viver
Vemos tudo como um trágico fado
E então, compreendemos porque morrer.
Trabalhamos, trabalhamos...
Sem algo para receber
Nos enganamos e saciamos
Construindo sonhos de poder.
O dia começa exaustivo
Sem novidades para acontecer
Sem desejos ou motivos
Vamos nos acostumando a esquecer.
A mulher grávida anda e chora
Com suas mãos segurando, tentando conter.
Um vivente que quer ver o mundo afora
Com seus próprios olhos conhecer.
Começou de novo o que ficará velho
De todos os choros, o melhor é o de nascer.
No universo de estrelas, um centelho.
Abriu, brilhou e agora vai escurecer.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
domingo, 9 de janeiro de 2011
Japeri
Acordas bem cedo!
Tem que trabalhar
Está bem longe, acanhado,
Escondido no final da baixada.
Madrugadas frias
Com ruas de terra e um verde calado
Cinza de pouca esperança
Passos miúdos e apressados
De um povo que corre
Como as águas do Guandu
Num ritmo suave que nunca pára.
O sol acorda os montes
E ao redor da ferrovia
Tudo desperta e se mexe
Com espreguiçar de quem não se espera muito.
As crianças brincando de bola,
Soltando pipa e indo para escola.
Poucas ruas asfaltadas
Com casas longas e outras apertadas
Algumas tão pobres, outras como rosto de moça rica pintada.
Aonde os animais vivem em harmonia com humanos.
E humanos que vivem como animais ajuntam seus pertences
Para próximo acampamento noturno.
Ao chegar da noite
Tuas noites têm estrelas
A criançada brinca pelas ruas descalçadas
Sem se preocupar com o amanhã.
A lua brilha achando graça
Junto com as moças nas acanhadas praças,
Que não tem hora para adormecer.
O povo vai descendo dos trens
Com bolsas, sonhos e cansaço
E logo adormece pequena cidade
Do meu coração.
As casas cheiram silêncio
As ruas cheiram escuridão
Esperando o nascer de um novo dia
Com sua rotina repetitiva.
Henrique Rodrigues Soares – O que é a Verdade?
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