domingo, 7 de novembro de 2010
Problemas do Amor
O amor é feito de retalhos
cheio de manhas, manhãs e atalhos
as cabeças pendem como holofotes
Olhos vêem os escondidos dotes
que ao efeito do vinho
rebelam em suaves carinhos
A lua acende e ilumina
paixões que correm pelo corpo
A lua enlouquece a solidão
fria que se derrama em copos
A noite é pequena para quem ama
Se quer sol na noite e cama,
de dia e chama
sangue tinto de qualidade
II
As minhas mãos te atravessam
Meus olhos conversam com os teus
Hora fria é a hora do adeus
Bocas degustam o doce do outro
E os calores dos corpos produzem luz
Luz para estas escuras vidas
Mas um dia, e todos os outros são cinzas
uma palavra, um gesto, uma dor, um medo
no corpo e nos olhos
tudo que era limpo e belo, agora é sujo e falso
III
Palavras não levam a lugar nenhum
contas que são faz-de-contas mal contados
tantas portas e tão poucos caminhos
tanto sexo sem nexo e carinho
Sentimentos flácidos e gordurosos
cozinham sem tempero
esperando o mau gosto de alguém para comê-los
IV
Procuras o quê?
-Não sei!
Há tantos procurando tantos
Há pranto em vários cantos
que meu canto diante de tanto pranto se calou
Risos cospem na face
o frio do desgosto corre nas veias
Preciso de teu corpo nem que seja como árvore
Mentiras e enganos...
Somos tão humanos
que nos parece honesto
ser assim.
Henrique Rodrigues Soares
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Canto de Solidão
solitário, e sem ouvintes
caminho falando mentiras
uma voz tonitruante
flui na intensa luta
meus planos inconstantes
meus passos flutuantes
são manual de verdade
nos ocasos os acasos
verdadeiros casos de dor
febres tomam nossos corpos
e vemos tudo como uma única chance
hoje, está tão frio
esta chuva fina
despertando o cio
de quem não tem amor
quantas vezes teu sexo
é maior que o mundo
quantas vezes teus olhos
desejam profundo
um pouco de silêncio
um pouco do imenso
um pouco de morte
quantas vezes tua cama
tua fama, tua lama
dispensas vazias e muitos ratos
a saudade chama...
clama... inflama
por todos os dias
corrói os fatos
são tantos dramas
tão pouca comédia
é calor de epiderme
lágrimas de verme
não me iludo com mimos
no amor sempre se perde
cada rio tem seu morredouro
mas é preciso...
Henrique Rodrigues Soares
terça-feira, 2 de novembro de 2010
A Inconsciência do Saber
Levemente, as suscetibilidades te atrasam
Teu corpo sem fôlego
Como um rio sobre um córrego
É tanto alimento que vazam
A tristeza engordura tua face
Com seu sombrio olhar
E num vento você ver rasgar
A ingratidão de teu disfarce
O medo de perder te contém
Na briga pelo território
O teu coração bode expiatório
Das dores que te controlam
O possuir é tão fraco
Como deixar-se escapar
Os opostos formam par
"O ser ou não ser" não deixa rastro
Henrique Rodrigues Soares
Assinar:
Postagens (Atom)